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    Chef de cozinha que catava recicláveis morre após ser atropelado por motorista bêbado, em Ribeirão Preto

    Fabricio morreu no local, enquanto a mulher foi socorrida e levada ao hospital

    Fabricio Silva morreu atropelado em Ribeirão Preto (Foto: Arquivo pessoal)
    Laís Gouveia avatar
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    247 - O atropelamento que matou Fabricio Silva, de 34 anos, em Ribeirão Preto (SP), chocou a comunidade local e expôs mais uma vez a violência no trânsito brasileiro. Fabricio, que já foi chef de cozinha e empresário, morreu enquanto trabalhava como catador de recicláveis no Jardim Canadá, zona sul da cidade. O caso foi reportado inicialmente pelo G1.

    Câmeras de segurança flagraram o momento em que Fabricio e uma mulher empurravam um carrinho de supermercado cheio de materiais recicláveis pela Avenida José Adolfo Bianco Molina. Um Honda Civic cinza atingiu os dois por volta da 1h30 do dia 2 de dezembro. Fabricio morreu no local, enquanto a mulher foi socorrida e levada ao hospital.

    O motorista fugiu sem prestar socorro. Nove dias depois, apresentou-se à polícia, admitiu ter ingerido álcool e alegou ter confundido as vítimas com um animal. Após prestar depoimento, foi liberado.

    “Ele topava tudo, queria ser livre”

    Fabricio Silva era natural de Santo André (SP), mas adotou um estilo de vida itinerante, viajando pelo Brasil e fazendo amigos por onde passava. A irmã dele, Bruna Magi, relembrou a trajetória do chef de cozinha, que se reinventava constantemente.

    — Ele não tinha medo de arriscar. Abriu uma doceria, uma espetaria, trabalhou em diversas áreas e, nos últimos anos, fazia pequenos trabalhos nas cidades onde passava para se manter. Ele era uma pessoa que fazia amizade muito fácil, sempre rodeado de pessoas que o admiravam — contou Bruna.

    Fabricio nunca se prendeu a padrões ou luxos. Segundo a irmã, ele viajava por escolha, se hospedava em hostels e albergues e aceitava qualquer tipo de trabalho para continuar sua jornada.

    — Ele não se importava com nada disso, era desapegado. Acho que, naquele momento, ele conheceu alguém, resolveu ajudar com os recicláveis, pegou um dinheiro e seguiria para outro lugar. Ele queria viver do jeito dele, ser livre — disse Bruna.

    O acidente e a investigação

    O vídeo que registrou o atropelamento mostra o motorista fugindo sem prestar assistência às vítimas. Testemunhas anotaram a placa do veículo e repassaram as informações à polícia. O suspeito, que não teve a identidade divulgada, afirmou ter passado por dois bares antes do acidente e admitiu que estava alcoolizado.

    De acordo com o boletim de ocorrência, Fabricio sofreu traumatismo crânio-encefálico e morreu por asfixia mecânica e broncoaspiração pulmonar. Por estar sem documentos no momento do acidente, o corpo foi identificado pelo Instituto Médico Legal (IML).

    O motorista responderá por homicídio culposo, lesão corporal culposa, omissão de socorro e evasão do local do acidente. Seu veículo será submetido a perícia.

    Um alerta para a violência no trânsito

    Casos como o de Fabricio são recorrentes no Brasil, onde o trânsito é uma das principais causas de mortes evitáveis. O atropelamento levantou discussões sobre impunidade e negligência por parte de motoristas que combinam álcool e direção.

    Bruna, a irmã, clama por justiça:

    — Ele era uma pessoa incrível, que só queria viver a vida dele do jeito que acreditava. Não é justo alguém tirar isso e sair livre como se nada tivesse acontecido.

    Fabricio Silva, que foi chef de cozinha, empresário e catador de recicláveis, deixa um legado de resiliência e amor pela vida, além de um alerta sobre a urgência de mudanças no comportamento no trânsito.

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