eBay quer ajudar empresas brasileiras a alcançarem o mercado global
A eBay está de olho na América Latina, e ainda mais no Brasil que é visto como um mercado promissor, principalmente em termos de e-commerce; mas a empresa não quer só fazer negócios no país; ela também quer incentivar os empreendedores locais a investirem no mercado global, algo que ainda é preciso melhorar, e também vencer dificuldades como as taxas de importação e o valor de transporte de mercadorias
Isabela Borrelli/StartSe - eBay está de olho na América Latina, especialmente no Brasil. Dessa forma, não é surpresa que a gigante esteja investindo em oportunidades no país. Uma delas foi a presença de Xavier Aguirre, business development manager LATAM do eBay, na Feira do Empreendedor. Aguirre esteve presente em São Paulo e, além de participar do evento, também conversou com a StartSe sobre o mercado de e-commerce no Brasil e as apostas da empresa.
Para o especialista, não há dúvida: o Brasil é um mercado promissor, principalmente em termos de e-commerce, onde se destaca de toda América Latina. Mas o eBay não quer só fazer negócios no Brasil, a empresa também quer incentivar os empreendedores brasileiros a investirem no mercado global, algo que ainda é preciso melhorar, e também vencer dificuldades como as taxas de importação e o valor de transporte de mercadorias.
StartSe: O que você acha do mercado latino americano? Ele é promissor?
Xavier Aguirre: Em termos de números de usuários e de crescimento, é uma das regiões mais interessantes no mundo inteiro. Em geral, o crescimento da região se aproximou a 20% nos últimos anos e o número de compradores ativos também cresceu consideravelmente. Nós vemos essa tendência crescendo nos próximos anos e alcançando aproximadamente 100 milhões de compradores somente na região nos próximos 3 a 5 anos. Então, claro que o eBay quer uma parte dessa oportunidade.
Por exemplo, nós fizemos experiências de busca para grande parte do mercado da América Latina. Isso significa que você pode ir no ebay.com e ver todos os itens na sua língua. Então, se você está no Brasil você os vê em português, se você está no México ou Argentina, em espanhol. Também modificamos a visualização da moeda, que agora fica na moeda local do usuário. Assim, fica mais fácil saber o custo real do produto.
S.: Por volta de 90% das empresas na América Latina são pequenos negócios. O eBay está investindo em estratégias específicas para esse público-alvo?
X. A.: Claro! No geral, no eBay nós só somos bem-sucedidos se nossos vendedores são bem-sucedidos. Então, o nosso compromisso está em prover as melhores ferramentas para as empresas venderem seu produto na plataforma.
O que nós estamos fazendo agora no Brasil, por exemplo, é que estamos lançando o eBayMag, voltado para vendedores brasileiros fazerem o mostruário dos seus produtos. Por meio dessa ferramenta, os produtos serão expostos não só no ebay.com, mas também nos maiores sites, como Canadá, França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Austrália e Itália.
Ao fazer o upload do seu produto em um dos sites, é possível que ele apareça em qualquer outro que você queira. Uma das vantagens é que teremos um agente brasileiro, disponível para falar com os vendedores brasileiros e lhes mostrar as melhores práticas do site, o que fará com que seja mais fácil das empresas de integrarem na plataforma.
S.: Um player muito forte aqui na América Latina é o MercadoLivre. Como o eBay vê essa competição? Qual a principal diferença entre eBay e Mercado Livre?
X. A.: A principal diferença é que o eBay é muito focado em vendas cross-border e o MercadoLivre é focado em vendas locais. Para nós é ótimo que exista competição, porque ajuda o desenvolvimento de todo ecossistema de e-commerce.
Nós estamos focando em produtos que o eBay tem que ninguém mais tem. No geral, a gente tem 1.5 bilhão de itens no nosso site e quase metade disso, por volta de 500 milhões, é vendido pela população latino-americana. Essa é uma enorme seleção quando comparado a outros sites e-commerces.
S.: E em relação ao Brasil? O país é um mercado bom para investir mesmo com as instabilidades econômicas e políticas?
X. A.: Sim, o Brasil é um mercado bem grande, provavelmente o país com o mercado e-commerce mais desenvolvido na região. Apesar de vocês terem enfrentado anos difíceis no passado, o e-commerce é muito forte. Em 2017, o país cresceu 12% nesse mercado, então tem uma enorme oportunidade. Em termos de vendas totais, o Brasil é o mercado mais desenvolvido da região.
O que nós vemos de oportunidades é de vendedores locais exportarem produtos, o que aumentaria a chance de sucesso deles. Especialmente se você fala de pequenas e médias empresas, onde o eBay tem maior impacto, a oportunidade existe, mas poucas pessoas sabem disso.
S.: Nós vemos que muitos empreendedores aqui no Brasil não fazem um negócio para o mercado global. Você acha que o eBay pode ajudá-los a pensar no mercado global?
X. A.: Sim, por exemplo, agora nós estamos ajudando os primeiros 30 vendedores que querem integrar o seu negócio ao eBay com três meses de loja gratuita. Nós sabemos que esses empreendedores têm startups com recursos limitados, então queremos ajudá-los nos primeiros passos.
Sabemos que pode ser um desafio e que eles talvez nem considerem isso [a possibilidade de atingir o mercado global]. Nós queremos mostrar que eles têm uma grande oportunidade nesse e-commerce global, que é preciso agarrá-la e tirar maior proveito das transações cross-border.
S.: Qual a importância de apostar em um mercado global?
X. A.: Nós vimos, por exemplo, que quem aposta no mercado global tem 55% mais vendas e esse é um grande número quando se fala em pequenas empresas. Também aumenta a produtividade em 54%, o que permite que a empresa possa pagar um salário melhor para a equipe.
Esses números são consequência de não ficar preso às alterações de um só mercado. Apostar no mercado global reduz riscos: nós vimos que há 8,5% menos possibilidade de sair do negócio para quem está no de olho em outros países.
S.: O que diferencia o mercado do Brasil do da América Latina?
X. A.: A primeira, é claro, é a língua. Mexicanos podem se comunicar com argentinos, mas brasileiros têm essa barreira linguística. Ao mesmo tempo, a coisa boa é que o Brasil é o mais desenvolvido e tem uma oportunidade enorme para mostrar internacionalmente o que os está sendo feito no país.
Também, como eu já disse antes, o Brasil tem o mercado de e-commerce mais desenvolvido em relação ao número de vendas totais. No caso, o país demonstra ser muito confortável em fazer compras online e compartilhar dados na internet, ao contrário da América Latina, que não é tão aberta. Isso é muito positivo!
S.: Segundo o IBGE, pequenos negócios já empregam mais da metade dos trabalhadores no Brasil. O eBay está de olho nesse público no país?
X. A.: O maior impacto que o eBay tem no mundo inteiro é em pequenos negócios. Por que? Porque tecnologia reduz o custo de fazer negócios, no geral. Por exemplo, se você fizer upload dos seus produtos na plataforma do eBay, não será necessário gastar muito dinheiro em marketing, porque nós já levamos 170 milhões de compradores e mais de 190 mercados ao redor do mundo inteiro. Então, para quem está começando, já existe uma grande audiência.
Nós também estamos trabalhando em alguns projetos para o Brasil e para a América Latina. Como eu já disse, um deles é o eBayMag, exclusivo para vendedores brasileiros. E, para a América Latina, lançaremos o projeto Cresce com eBay, uma iniciativa, presente somente na Espanha por enquanto, focada em educar vendedores, tanto iniciantes quanto experientes. Por meio dela, nós tentamos tornar a integração com a plataforma mais fácil, assim como ajudar a escalar o negócio, por meio de vídeos que ensinam como abrir a loja no eBay, usar as ferramentas, entre outros. Nós também mostramos quais os requisitos que o eBay considera para aumentar sua classificação no site. Nós queremos os nossos vendedores prontos o mais rápido possível!
S.: Quais são os principais desafios para o eBay no mercado brasileiro?
X. A.: No geral, o principal desafio tanto para vendedores como para compradores é o transporte de mercadorias. É muito caro para encomendar ou vender o produto e pode ser ineficiente. Por exemplo, se é via um serviço postal local é ineficiente e se for via um privado, é caro. Esse é um desafio na região em geral [América Latina], mas especificamente no Brasil.
Também, uma das partes mais desafiadoras é que o limite para começar a cobrar taxas e impostos é muito baixo, todas as importações estão sujeitas. Isso afeta diretamente as vendas, porque se você vende algo e o cliente devolve, o vendedor tem que pagar essas taxas. Os vendedores são afetados, porque perdem dinheiro na transação. Seria importante fazer o limite ser mais alto, pois beneficiaria tanto vendedores e compradores.
S.: Vocês têm alguma solução para esses problemas?
X. A.: Nós estamos tentando replicar um pouco do que começamos a fazer no México. Nós só focamos em vendedores na região por pouco mais de um ano. Então é um processo um pouco mais longo para fazer tudo o que queremos. Ao mesmo tempo, também queremos ter parcerias com as maiores transportadoras privadas para abaixar o preço para os vendedores do eBay.
E, em relação ao limite das taxas e impostos, nós temos um time com forte relacionamento com o governo que está sempre pressionando as autoridades para aumentar esse máximo. Fazemos isso para o benefício do nosso ecossistema, ou seja, os nossos vendedores e compradores.
S.: Quais são os próximos passos para o eBay nos próximos meses no Brasil? E na América Latina?
X. A.: No geral, nós queremos mais parceiros que nos ajudem a alcançar empresas pequenas e médias, que é nosso principal objetivo na região em termos de vendedores. Mas também estamos fazendo parcerias com transportadoras e bancos para ajudar os compradores da região.
É uma iniciativa de duas mãos, porque queremos que os compradores tenham acesso a mais de 500 milhões de itens, mas também queremos que os vendedores consigam vender seus produtos na plataforma. Instituições como o Sebrae, no caso do Brasil, nos ajudam a alcançar mais empresas.
Basicamente, queremos mais parcerias na região, principalmente com empresas e instituições que tenham uma grande base de dados desse tipo de vendedor ou comprador.
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