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    Energia escura: novas descobertas desafiam a teoria da relatividade e podem mudar a compreensão do universo

    Pesquisadores analisam dados do telescópio Euclid e apontam possibilidade de mudanças fundamentais na física

    Galáxia (Foto: Reuters)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - A teoria da relatividade de Albert Einstein, que tem resistido a rigorosos testes ao longo do tempo, pode estar diante de um novo desafio. De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), as primeiras análises dos dados coletados pelo telescópio Euclid indicam que a energia escura, força responsável pela aceleração da expansão do universo, pode estar em transformação, explica reportagem do jornal O Globo com a agência AFP. A revelação foi feita durante uma coletiva de imprensa com a diretora científica da ESA, Carole Mundell.

    "A teoria da relatividade de Einstein passou por inúmeros testes, mas ainda não explica, em sua forma atual, a expansão acelerada do universo", explicou Mundell. A energia escura, descoberta em 1998, é a força misteriosa que desafia a gravidade ao acelerar a separação entre galáxias, um fenômeno que pesquisadores ainda tentam compreender.

    O telescópio Euclid, lançado em 2023, tem a missão de mapear um terço do céu e coletar dados de aproximadamente 1,5 bilhão de galáxias para criar o mapa tridimensional mais preciso do universo. Os primeiros dados divulgados, acompanhados por 27 artigos científicos, cobrem menos de 0,5% do céu que será analisado ao longo da missão de seis anos, mas já levantam questões fundamentais.

    Segundo a BBC, alguns cientistas acreditam que estão "à beira de uma das maiores descobertas em astronomia em uma geração". Ofer Lahav, da University College London, descreveu o momento como "dramático", sugerindo que as novas evidências podem levar a uma mudança de paradigma na compreensão da física cósmica. Caso os dados sejam confirmados, pode ser necessário formular uma teoria completamente nova para explicar o comportamento da energia escura.

    Acredita-se que a matéria escura seja a força que mantém as galáxias unidas, enquanto a energia escura atua na direção oposta, expandindo o universo a uma velocidade crescente. O Euclid permitirá que os cientistas rastreiem essa interação ao longo da história cósmica, oferecendo novas pistas sobre sua verdadeira natureza. "No final das contas, queremos testar as leis da gravidade", afirmou Caroline Mundell.

    Além de imagens detalhadas de galáxias distantes e nebulosas coloridas, os novos dados revelam detalhes da estrutura do universo, conhecida como "teia cósmica". Entre grandes espaços vazios, filamentos massivos conectam galáxias em um padrão que desafia explicações baseadas apenas na matéria visível. Cientistas acreditam que forças invisíveis, como a matéria escura e a energia escura, desempenham um papel crucial na formação dessa estrutura.

    O Consórcio Euclid, formado por mais de dois mil pesquisadores da Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, classificou o lançamento dos primeiros dados como um "marco para nosso detetive do universo escuro". A quantidade de informações divulgadas é impressionante: 35 terabytes de dados — o equivalente a 200 dias de streaming de vídeo em 4K — que correspondem a apenas uma semana de observação do telescópio.

    Os dados analisados cobriram três áreas do céu e catalogaram cerca de 26 milhões de galáxias, incluindo algumas situadas a 10,5 bilhões de anos-luz de distância. O telescópio também identificou aproximadamente 500 lentes gravitacionais, fenômeno no qual a luz de um objeto distante é curvada pela gravidade de uma galáxia massiva à frente, criando um efeito de ampliação.

    Para lidar com a grande quantidade de informações, os cientistas do consórcio utilizaram inteligência artificial e mais de 10 mil voluntários que ajudaram a classificar e validar os dados. Os algoritmos de IA identificaram possíveis lentes gravitacionais, que foram posteriormente verificadas por especialistas humanos, aprimorando a capacidade do sistema de análise automatizada.

    Embora os primeiros resultados não tragam revelações definitivas sobre a natureza da energia escura, eles indicam que o Euclid pode fornecer respostas decisivas ao longo dos próximos anos. "Isso é apenas uma amostra do que está por vir", destacou Mundell, antecipando que um catálogo completo de dados será divulgado no próximo ano.

    Se as suspeitas dos cientistas se confirmarem, a física poderá estar diante de uma revolução conceitual, reescrevendo a forma como entendemos o tempo, o espaço e as forças fundamentais que governam o universo.

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