Feminista e primeira parlamentar negra, Antonieta de Barros criou o Dia do Professor: 'a magnitude da vida depende da educação'
Feminista no meio de um povo conservador e primeira mulher brasileira a ocupar um cargo em Poder Legislativo, Antonieta de Barros é autora de uma lei de 1948 que oficializou o Dia do Professor. "A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação", disse em seu livro Farrapos de Ideias. Escreveu em jornais e foi deputada com árdua defesa da educação
247 - Feminista numa sociedade conservadora, negra numa terra de oligarquias majoritariamente brancas. Primeira mulher brasileira a ocupar um cargo em Poder Legislativo. Essa é Antonieta de Barros, responsável pela celebração de uma data em homenagem a profissionais que são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer nação: o Dia dos Professores, comemorado todo 15 de outubro. Ela é autora da Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948. O projeto tornou constitucional a comemoração dessa data em Santa Catarina, onde nasceu. A oficialização aconteceria no país inteiro apenas em outubro de 1963, pelo presidente da República, João Goulart.
Sem ensino superior e com sonho de cursar na Faculdade de Direito, exclusiva para homens, Antonieta foi eleita deputada estadual por Santa Catarina em 1934, apenas dois anos depois do sufrágio universal, que deu às mulheres direito ao voto facultativo. Naquele mesmo ano outra mulher, a médica Carlota Pereira de Queirós, se elegeu deputada federal por São Paulo. Sete anos antes, Alzira Soriano foi eleita prefeita em uma cidade do Rio Grande do Norte, primeiro estado a permitir disputas femininas.
Ao ocupar um cargo no Legislativo, Antonieta passou a ser símbolo de pautas relacionadas à redução da desigualdade por meio do acesso a um ensino de qualidade, uma educação para todos. Ela começou a carreira de professora em 1992, quando o analfabetismo em Santa Catarina era de 65% e o estado, sobretudo pela presença alemã, tinha um dos índices mais altos de escolarização do país, seguidos por São Paulo. O relato foi publicado pelo jornal El País.
A professora nasceu em Desterro, como era chamada Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901. Não aparecia o nome do pai no registro de batismo. A mãe se chamava Catarina Waltrich, escrava liberta.
Além de professora, virou cronista por ter bandeiras muitos associadas à educação. Escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoca em 23 anos de contribuição à imprensa.
Em 1937, Antonieta publicou o livro Farrapos de Ideias e os lucros da primeira edição foram doados para construção de uma escola com o objetivo de abrigar crianças, filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa Tereza. A obra teve outras duas edições. "A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação", escreveu em seu livro.
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