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    Fusão nuclear pode ser solução para dependência de energias fósseis, diz pesquisador

    A França é o maior produtor de energia nuclear da Europa e também o mais dependente desta fonte

    Ilustração fornecida pelo National Ignition Facility, do Lawrence Livermore National Laboratory, mostra um alvo dentro de uma cápsula com feixes de luz entrando em aberturas em cada ponta, ilustrando uma fusão nuclear (Foto: Reprodução/National Ignition Facility)

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    RFI - Os Estados Unidos anunciaram ter realizado um avanço histórico na fusão nuclear, que permitiu produzir mais energia elétrica que a necessária para alimentar o sistema. Para Sébastien Le Pape, diretor adjunto do Laboratório para utilização de lasers intensos da Escola Politécnica de Paris, esta poderia ser uma solução para os problemas gerados pela dependência de energias fósseis, como as mudanças climáticas.  

    "É isso que motiva todos os pesquisadores no mundo que trabalham hoje sobre a fusão: encontrar uma solução descarbonizada para nossos problemas energéticos mundiais", explica em entrevista à RFI. 

    A França é o maior produtor de energia nuclear da Europa e também o mais dependente desta fonte, representando 77% de sua matriz energética. As usinas nucleares atuais utilizam a fissão nuclear para gerar calor que aquece a água que fica dentro do reator. O vapor d’água gira as turbinas a grandes velocidades, produzindo a corrente elétrica. 

    O combustível usado nesta usinas é o urânio. O Níger e o Cazaquistão são os principais fornecedores deste elemento natural para a União Europeia, além da Rússia. 

    Já para a fissura, o combustível é o hidrogênio. "Não precisamos de urânio. Pegamos dois átomos de hidrogênio, isótopos que chamamos de deutério e o trítio, e vamos fazer fusionar estes dois átomos para criar um mais pesado", explica. No momento da formação deste novo elemento, há liberação de energia. 

    Entre as revolução da fusão citadas por Le Pape, além de criar mil vezes mais energia que a fissão, está o fato de que o combustível é o hidrogênio, que pode ser encontrado facilmente. Além disso, é uma energia que não cria elementos radioativos em quantidades importantes. "Os produtos da fusão são o hélio e um nêutron, então não tem elementos que vão ser radioativos por muito tempo", como no caso da fissão.  

    Uso da fusão deve demorar

    Para chocar dois elementos iguais e originar uma fusão, é necessária uma enorme quantidade de energia para vencer a força de repulsão eletrostática entre os elementos. 

    Por isso, Le Pape lembra que ainda vai levar tempo para que a energia gerada pela fusão seja usada em nosso cotidiano. "É necessário entender que é um acontecimento muito importante, porque é a primeira vez que é feita em laboratório uma experiência de fusão que gera mais energia que a utilizada para iniciar a reação. Por isso é um acontecimento científico importante. Nunca nenhum processo antes tinha permitido chegar a esse regime’, diz.

    "Mas é necessário saber que o National Ignition Facility, o laser americano que permitiu realizar essa experiência, atualmente é disparado uma vez por dia, em alvos que custam centenas de milhares de dólares. Então, para criar uma usina de fusão para gerar eletricidade, ainda existem questões de engenharia colossais. Estimamos que será necessário disparar não somente uma vez por dia, mas de 10 a 15 vezes por segundo para gerar eletricidade", explica, acrescentando que muitos cientistas estão trabalhando para isso atualmente na Europa e nos Estados Unidos. 

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