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    Há participação popular no debate político?

    Com a campanha eleitoral nas ruas, a população tem se mostrado interessada em discutir o que é o melhor para a sua cidade? Houve evolução da consciência política do brasileiro e do recifense? Especialistas divergem sobre o assunto

    Há participação popular no debate político? (Foto: Montagem PE247)
    Luiz Natanael avatar
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    Leonardo Lucena_PE247 – Em época de campanha eleitoral, várias afirmações, questionamentos, reflexões surgem em relação aos postulantes por parte dos eleitores, da mídia e entre os próprios candidatos, que é natural. Dentro do âmbito político, temas de diversas naturezas são, sem sombra de dúvidas, de interesse público. Mas, focando na sociedade, será mesmo que o eleitor está preparado ou ao menos demonstra interesse para o debate político? Especialistas divergem sobre o assunto.

    O jornalista e cientista político da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Juliano Domingues, compara o debate político entre os eleitores com sites de fofocas ou revistas de celebridades. Segundo ele, as discussões que permeiam a esfera política ocorrem de forma superficial. “Comenta-se sobre aproximações e desavenças entre atores políticos, mas pouco se fala a respeito de propostas para a cidade. Isto é, perde-se de vista o discurso programático”, afirma.

    A mídia, de um modo geral, também tem seu papel neste processo. Para Domingues, a forma de cobrir os fatos políticos se reflete no comportamento do eleitor aos discutir os mais variados assuntos. “A cobertura da mídia durante o período parece contribuir com isso. Ou seja, tem-se a impressão de que o eleitor parece, sim, atraído pelo debate relacionado às eleições municipais no Recife este ano, porém isso se daria muito mais pela forma do que pelo conteúdo”, explica.

    De fato, o brasileiro leva consigo um pouco a “fama” de ser acomodado, que também justificaria o desinteresse em relação às alternativas para, ao menos, amenizar problemas inerentes à vida social. “Afinal de contas, se informar sobre propostas e debater programas de governo é mais custoso para o eleitor que, racionalmente, optaria por acompanhar o ‘espetáculo eleitoral’”, atesta Juliano Domingues.

    Em contrapartida, há quem diga que os eleitores estão cada vez mais antenados para com as questões de seus interesses. De acordo com o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Tiago Levi embora a política esteja em crise, com escândalos de corrupção para lá e para cá, em um cenário no qual o político é simbolo de desonestidade, o povo está cobrando mais ações que melhorem a vida pública.

    “São inúmeros escândalos de corrupção aliados aos abusivos aumentos (salarial) que os próprios políticos aprovam, inibindo assim muitas pessoas com espírito público de participarem do ambiente político. Mas, apesar de todo esse descrédito, é possível ver que a população começa a cobrar mais de seus políticos”, assegura.

    O estudioso credita à Internet essa aproximação entre o eleitor e o debate político. “A Internet possibilitou a intensa divulgação de informação, o que contribuiu para a fiscalização das ações de seus parlamentares. As campanhas a favor do projeto Ficha limpa, contra o aumento dos salários dos vereadores são provas disso”, avalia. “Mas só o tempo dirá se essa incipiente mobilização de setores da sociedade irá propiciar uma nova forma de se fazer política. Em todo caso já é um avanço”, conclui.

     

     

     

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