Julgamento do mensalão pode refletir no Recife?
Especialistas analisam que, nos pleitos onde houver nacionalização da disputa, como na capital pernambucana, o julgamento da Ação Penal 470 poderá ser utilizado pelos adversários dos candidatos petistas
Leonardo Lucena_PE247 – Ontem (2), a Justiça brasileira deu início ao “Julgamento do Século”, o Mensalão. Coincidindo com as campanhas eleitorais, o transcorrer das sessões no Supremo Tribunal Federal (STF), que vai durar, pelo menos, um mês, podem ter reflexos nestas eleições em diversas capitais onde o PT lançou candidato. E, no caso do Recife, soma-se a isso a instabilidade política vivenciada pelos petistas até a homologação do nome do senador Humberto Costa como postulante da legenda.
De acordo com o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan, os problemas políticos pelos quais passou o PT devem ter mais influência no pleito do que o Mensalão quanto à captação de votos pelo congressista.
“Lógico que haverá contaminação com o julgamento, mas, a nível local, os problemas políticos que o PT passou deverão ter mais peso”, explica Zaidan. A postura da presidente Dilma Rousseff, assim como a de Humberto Costa tem sido mais reservada em relação ao julgamento, fato que também contribui para a tese do estudioso.
“Dilma Rousseff tem uma conduta como que quem diz ‘esse problema não é meu’. Humberto Costa também já deu a entender que essa questão é da Justiça. O problema no Recife é ‘doméstico’”, avalia Michel Zaidan. “Mas, com o julgamento e a crise sofrida pelo PT, a oposição vai aproveitar este cenário, ela já tem muita munição para isso”, acrescenta.
De todo modo, só será possível analisar as consequências do julgamento nas eleições de outubro. Porém, o cientista político da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Túlio Velho Barreto lembra que dois casos trouxeram malefícios ao PSB e ao PT, por exemplo. O primeiro, em 1998, foi o escândalo dos Precatórios, em envolvendo os socialistas, com acusações de irregularidades no pagamento de precatórios judiciais. O segundo, em 2006, a Máfia dos Sanguessugas, envolvendo os petistas, no qual havia denúncias de superfaturamento na compra de ambulâncias.
“Ainda que, posteriormente, nada ficasse efetivamente comprovado, esse dois casos fizeram ‘estragos’ em Pernambuco”, afirma Barreto. Em ambas as ocasiões, o então governador Miguel Arraes (PSB) não conseguiu se reeleger, em 1998, e, oito anos depois, o postulante Humberto Costa (PT), que era Ministro da Saúde, não chegou sequer ao segundo turno.
Segundo o especialista, as sessões no STF deverão causar impactos nas cidades onde as campanhas tiverem projeção nacional, a exemplo de Recife e Belo Horizonte. “Penso que isso pode acontecer apenas onde maior for ter a nacionalização da campanha. E na medida, ou seja, na proporção em que isso venha a ocorrer”, analisa. “Mas aguardemos o julgamento, sua repercussão, sua dinâmica... para fazer um prognóstico mais preciso”, completa o estudioso.
Acompanhe o segundo dia do julgamento ao vivo pela TV Justiça:http://www.tvjustica.jus.br/assista_online.php
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