Luiz Caldas relembra início do Axé e comemora "resgate do carnaval"
"A decisão da prefeitura de valorizar o folião que curte na pipoca é acertada e resgata aspectos positivos dos velhos carnavais. Vejo essa iniciativa de reaproximar os trios do povo como fundamental para reoxigenar o Carnaval de Salvador. E, quando paramos para analisar, a gente vê que é um ciclo: o público volta, o Carnaval se resgata, ganha mais vida. Pois, quando o povo retorna às ruas, a alegria volta e carnaval é alegria, o carnaval é a participação popular", diz o 'pai do Axé', Luiz Caldas
Bahia 247 - Quando surgiu a 'nega do cabelo duro', cantada em 'Fricote', marco do Axé Music, era difícil para seu intérprete, o cantor Luiz Caldas, pensar na música baiana como é hoje. Há 30 anos, relembra, "era inimaginável ter a nossa música em rede nacional, exibida em clipes no Fantástico, no Globo de Ouro etc.".
O sucesso daquele ritmo, ainda chamado de 'deboche', foi surpreendente. "A nossa música conquistou o Brasil e as coisas foram acontecendo naturalmente. Foi uma surpresa muito grande. O Axé passou a ser referência nos anos 80 e hoje é gratificante vê no que aquele movimento se transformou".
Nos bailes, onde a regra era cantar de tudo um pouco, Luiz Caldas foi encontrando o caminho que o levaria a conquistar o título de "pai do Axé Music". "Foram essas as influências que levei para o trio Tapajós e lá a gente começou a desenvolver um trabalho baseado nisso, em todo aquele samba, no rock, no frevo, baião, salsa, tango etc. Dessa mistura que a gente fazia tocando nos bailes surgiu uma nova batida, um jeito diferente, um ritmo novo", diz o artista.
Em pouco tempo, todos estavam cantando "pega ela aí pra passar batom" e "Fricote" se consolidou no repertório das rádios pelo país. "Outras músicas foram surgindo, seguindo aquele ritmo, e tudo foi se popularizando e ficando cada vez mais forte".
E é essa popularidade que faz com que a história da Axé Music esteja tão ligada ao carnaval. "O Carnaval e o Axé sempre foram muito íntimos. Fico muito feliz que o prefeito ACM Neto tenha compreendido esse aspecto plural, participativo da festa. Sempre cantei em trio independente, sempre fiz o carnaval para o folião-pipoca, essa foi uma marca que fiz questão de levar comigo", diz Luiz Caldas.
Ele afirma que "a decisão da prefeitura de valorizar o folião que curte na pipoca é acertada e resgata aspectos positivos dos velhos carnavais". Seguindo a proposta de valorização da pipoca, somam 70 os trios que desfilarão sem cordas nos dois circuitos. Entre as atrações, artistas consagrados como Daniela Mercury, Saulo Fernandes, Banda Eva, Banda Araketu. Além do próprio Luiz Caldas, que fez a alegria do folião pipoca durante a abertura oficial da festa, no Circuito Osmar.
"Vejo essa iniciativa de reaproximar os trios do povo como fundamental para reoxigenar o Carnaval de Salvador. E, quando paramos para analisar, a gente vê que é um ciclo: o público volta, o Carnaval se resgata, ganha mais vida. Pois, quando o povo retorna às ruas, a alegria volta e carnaval é alegria, o carnaval é a participação popular", ressalta o multi-instrumentista, que volta a tocar na folia momesca no sábado (14), no início da noite, no Circuito Dodô (Barra-Ondina).
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