Lula: "Dez anos de governo é muito pouco"

Bahia 247

O ex-presidente Lula seguiu a linha dos discursos que fez nos eventos de comemoração dos 10 anos de governo o PT ontem em Salvador, na festa que encerrou as comemorações, e, assim como a presidente Dilma Rousseff, afirmou que o Brasil demorou a ser tratado com respeito aos pobres pelos governantes.

Lula disse que estava orgulhoso por ter cumprido em seu primeiro mandato tudo o que planejou para o período entre 2003 e 2006, mas se desculpou por não ter feito tudo o que desejava.

"Gostaria de ter feito oposição a mim mesmo", brincou, antes de admitir que escolheu em silêncio o nome de Dilma Rousseff para sua sucessão em 2010. "Fui levando em banho-maria. Dilma não sabia que seria presidente da República até eu dizer que ela era mãe do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. E, se eu dissesse no PT, iam querer fazer discussão interna".

Tal qual a presidente Dilma, Lula afirmou que o PT "precisa" continuar no comando do país para dar continuidade ao trabalho. "Dez anos de governo é muito pouco". Para o ex-presidente, hoje o brasileiro "já pode andar de cabeça erguida no mundo".

"O PT ousou dizer que o Brasil é soberano, mas também não é melhor do que ninguém. Antes, os outros países da América Latina olhavam o Brasil como adversário e o Brasil olhava para a África com desprezo. Nós conquistamos a confiança dos países. O governo desses 10 anos tenta consertar os 20 anos anteriores".

Lula comparou o Brasil com o Peru, país onde ele recebeu recentemente o título de doutor honoris causa na Universidad Mayor de San Marcos, criada em 1551, e disse que os colonizadores não queriam que os brasileiros estudassem para formar uma nação desenvolvida.

Para o ex-presidente, o 'pulo' que o Brasil deu rumo ao avanço aconteceu através dos petistas.

"No Brasil, a primeira universidade é de 1920. Os portugueses não queriam que a gente estudasse. Isso explica porque o país foi o último a abolir a escravidão, a conquistar a independência. O que seria do Brasil se não fosse o PT, a CUT, o MST, a religião afro, o movimento popular? O que seria do Brasil sem nós?".

O petista sugeriu que a série de eventos em comemoração ao tempo do partido no poder seja transformada em livro.