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    No interior, PT bate em Marconi de olho em 2014

    Pr-candidato a governador e personagem de fita gravada por Cachoeira, Rubens Otoni sai da defensiva e vai para o ataque: No aceitamos jogo duplo. E mais: No vamos apoiar em Gois quem apoia Marconi

    Gisele Federicce avatar
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    Goiás 247 – As revelações feitas pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, sobre a estreita ligação entre o governador Marconi Perillo (PSDB), o senador Demóstenes Torres (DEM) e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, são o combustível para o PT e partidos aliados nas eleições de 2012.

    Os petistas realizam desde o início de março encontros regionais que visam orientar os candidatos a prefeito e vereador nos municípios. As reuniões coincidiram com o início das prisões de oito delegados (dois da polícia federal e seis da polícia civil), 29 policiais militares e dos grampos que levaram à exoneração do Procurador-Geral do Estado, do presidente do Detran e da ex-Chefe de Gabinete do Governador. 

    Deputados e dirigentes do PT avaliam que o governo de Marconi Perillo “está comprometido”. A visão é a de que Marconi loteou o governo entre grupos econômicos e o crime organizado para vencer as eleições de 2010 e já não tem legitimidade para continuar comandando os destinos de Goiás. 

    Para derrotar o chamado marconismo, o PT defende que seus candidatos ampliem as alianças com partidos da base dilmista (PMDB, PSB, PC do B, PTN etc) e vetem qualquer acordo ou aproximação com candidatos que, embora sejam de partidos da base da presidenta Dilma, tenham no palanque o apoio do governador Marconi Perillo.

    “Não aceitamos jogo duplo, quando o candidato a prefeito é aliado à presidenta Dilma no âmbito federal, mas tem no seu palanque o governador Marconi Perillo. O PT não admite esse jogo duplo. Não vamos apoiar em Goiás quem apoia Marconi”, justifica o deputado federal Rubens Otoni.

    Citado por conta de grampo feito pelo próprio Cachoeira em 2004, quando foi candidato a prefeito de Anápolis, Otoni, que é pré-candidato a governador, parte para ofensiva: “Quiseram nos intimidar, mas fica claro com a Operação Monte Carlo que, para vencer as eleições de 2010, Marconi teve de lotear Goiás para aqueles que puseram dinheiro na sua campanha”, diz. “Uma coisa é quando há no Estado a ação do narcotráfico, do crime organizado. A Operação VI Mandamento, feita pela PF no ano passado, identificou a ação de grupos de extermínio, e a Operação Monte Carlo, a ação do crime organizado atuando na Secretaria de Segurança Pública de Goiás. Ora, o que vemos é que o crime organizado está agindo dentro do aparato de Estado, e isto é muito grave, pois o Estado deixa de agir em favor da sociedade para agir em conluio com o crime. Não podemos deixar que Goiás se torne território livre para o crime como ocorreu no passado no estado do Espírito Santo.”

    Para o deputado estadual Mauro Rubem, as investigações deixam cada vez mais claro que o “esquema do PSDB” privilegia aqueles que pagaram a campanha. A contrapartida do marconismo, diz, veio por meio de projetos de isenção ou de desoneração fiscal para os grandes grupos econômicos. “A privataria tucana avança em Goiás, com terceirzações de hospitais, no Detran, na Saneago, Iquego. O governo discrimina movimentos sociais, censura a imprensa e retira direitos dos servidores públicos, mas garante privilégios para os grupos que o sustentam”, bate.

    Líder do PT na Assembléia Legislativa, o deputado estadual Karlos Kabral afirma que o governador Marconi Perillo passou o ano de 2011 acertando contas de campanha. “A maioria dos projetos enviados à Assembléia Legislativa tratou de renúncia fiscal, crédito outorgado e créditos negociáveis de ICMS somando R$ 4,8 bilhões em renúncias. Entre as empresas mais beneficiadas está a CAOA/Hyunday, de Anápolis”, revela.

    Autor do pedido de CPI da oposição para investigar as relações de Carlos Cachoeira com o governo de Goiás, o deputado Luis Cesar Bueno diz que Marconi é o Robin Hood às avessas: tira dos pobres para dar para os ricos. “Os goianos pagam a gasolina mais cara do país, pois o governo subiu o ICMS sobre a gasolina de 17% para 29% para criar o Fundo Rodoviário, que iria arrumar as rodovias. Passados um ano e meio as estradas estão se acabando e a imprensa registra empreiteiras tapando buracos com terra”, adverte.

    Ex-prefeito de Goiânia e ex-deputado federal, Pedro Wilson defende que os petistas goianos se apropriem das conquistas que foram trazidas para Goiás pelas administrações dos presidentes Lula e Dilma. “Não fossem o presidente Lula e depois a presidenta Dilma Roussef, Goiás não teria mais a Celg, não teria a duplicação das rodovias nem a Ferrovia Norte-Sul. Vamos eleger o governador em 2014 porque queremos que Goiás participe do desenvolvimento que o Brasil experimentou após a eleição do primeiro presidente-operário e da primeira mulher-presidenta”, destaca.

    PT governa hoje duas das maiores cidades de Goiás: Goiânia, com Paulo Garcia, e Anápolis, com Antônio Roberto Gomide, além de outras doze cidades no interior do Estado. A aposta de seus líderes é de que o partido se robusteça em 2012, chegando a mais que dobrar o número de prefeitos de modo a assumir o protagonismo da sucessão estadual em 2014. Hoje, o cenário previsto é de aliança com o PMDB, que garante apoio ao partido na eleição em Goiânia na expectativa da retribuição daqui a dois anos.

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