Olhos secos. Uma síndrome que se alastra
Contrariamente a uma antiga crença, a secura ocular não é sempre ligada à falta de lágrimas. Quase sempre, trata-se de glândulas lacrimais obstruídas por uma série de faturas, dentre os quais destaca-se a permanência excessiva diante de telas de computador e de telefones celulares.
Por: Anne Lefèvre-Balleydier – Le Figaro
Pouco conhecida do grande público, essa doença crônica e provocada por um grande número de fatores faz cada vez mais vítimas, sobre tudo nos grandes centros urbanos e entre os – cada vez mais constantes e numerosos – usuários do computador. Na Franca, mais de 4 milhões de franceses sofrem da síndrome dos olhos secos, ou seja, 10% da população do país. Os números não são diferentes na maioria dos países modernos, inclusive o Brasil. E contrariamente a uma crença bastante generalizada, ela raramente está ligada a uma produção insuficiente de lágrimas.
Claro, às vezes as glândulas lacrimais constituem a origem do problema: trata-se então de uma secura dita “aquosa”, que representa cerca de 15% dos casos. Mas quando os sintomas implicam sobretudo em olhos avermelhados, com sensação de ardor, pálpebras inflamadas, uma visão alterada e sensação de corpos estranhos na superfície dos olhos, o oftalmologista constatará quase sempre uma secura “evaporativa” (50% dos casos), ou mista (35% dos casos). Tanto uma quanto a outra estão ligadas a um mau funcionamento das glândulas de Meibonius, situadas ao longo das pálpebras e que asseguram a qualidade do fluido lacrimal. Foi a partir dessa constatação que uma empresa norte-americana, a TearScience, recentemente lançou um tratamento que combina uma ferramenta diagnóstica e uma ferramenta terapêutica, ambas centradas sobre essas glândulas.
Lágrimas artificiais e colírios não bastam
Presente em um número que normalmente vai de 50 a 70 nas pálpebras inferiores e superiores, essas glândulas sebáceas produzem uma substância oleosa cuja função é prevenir a evaporação do fluido lacrimal, o qual nutre a nossa córnea e a protege contra os micróbios, a secura e as agressões de vários tipos. Quando sua secreção torna-se insuficiente, por exemplo quando ocorre uma obstrução dos seus canais excretores, a espessura da camada lipídica presente na superfície do fluído lacrimal diminui. Como resultado, o conteúdo aquoso tende a se evaporar, e o olho a se tornar mais seco. Ora, nesse caso, as lágrimas artificiais ou os colírios lubrificantes não bastam.
Naturalmente, uma boa higiene dos olhos se torna indispensável, e um colírio anti-inflamatório e antibiótico é aconselhável se a secura acarreta uma infecção. Mas para aliviar o doente, é preciso sobretudo desobstruir as glândulas. Uma primeira providência que pode ser útil é a massagem das pálpebras: Esfregando-as com pequenos movimento laterais, os olhos voltados para o alto para que se possa agir sobre as pálpebras inferiores, e para baixo quando massageamos as pálpebras superiores. Outra solução: muitos fabricantes propõem dispositivos concebidos para liberar um calor úmido ao nível das pálpebras, às vezes combinados com sistemas de massagem, a fim de fluidificar e evacuar o conteúdo das glândulas de Meibonious. O tratamento se efetua no consultório de um oftalmologista que possua tais equipamentos. Normalmente essas providências normalizam o distúrbio. Mas, assim que isso acontece, convém descobrir e combater os fatores que o desencadearam.
Segundo uma pesquisa que acaba de ser divulgada, a partir de uma base de cerca 700 pacientes investigados, sabemos que mais de dois terços das pessoas que sofrem da síndrome do olho seco são mulheres, quase sempre com idade acima de 46 anos. Existem numerosos outros fatores de risco: a secura ocular pode com efeito vir de certas doenças (conjuntivite, rosácea etc), o uso de certos medicamentos (soníferos, ansiolíticos, etc) o uso prolongado de lentes de contato, diversos fatores ambientais (ar condicionado e outros sistemas de climatização, vento, poluição, etc) e, sobretudo, a permanência prolongada diante de telas acesas de computadores e celulares. O problema tende portanto a se agravar cada vez mais. Embora ele não seja inelutável, deve ser vigiado e controlado permanentemente.
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