Operários da Bridgestone continuam em greve
Quase 90% dos 630 empregados que trabalham na produção estão com os braços cruzados há 38 dias; eles exigem adicional noturno de 40% e não aceitam os 5% de reajuste salarial e participação nos lucros e resultados de R$ 8 mil oferecidos pela empresa.Trabalhadores acusam empresa de abuso moral
Em greve desde o dia 30 de junho, os trabalhadores da multinacional Bridgestone na Bahia não aceitam a proposta de 5% de reajuste salarial e Participação nos Lucros e Resultados de R$ 8 mil feita pela empresa. Eles alegam que a multinacional não apresenta solução para outros itens da pauta de reivindicações, como turno ininterrupto, que a Constituição Federal fixa em 36 horas, adicional noturno de 40%, conforme praticado em todas as outras empresas, e o intervalo da intrajornada.
De acordo com o presidente do Sindborracha, Clodoaldo Bartolomeu, pelo menos 90% dos 630 empregados que trabalham na produção estão com os braços cruzados, afirmou ao site Bahia Notícias.
Segundo ele, o pessoal do setor administrativo está trabalhando normalmente porque o "foco" do movimento é a produção. Bartolomeu alega que a empresa "não quer sentar para negociar".
Confira nota do Sindborracha enviada à imprensa:
"Os trabalhadores da empresa multinacional Bridgestone estão em greve desde o dia 30 de junho, em resposta à intransigência patronal. Após a substituição do negociador pela empresa, a Bridgestone vem insistindo na proposta de 5% de reajuste salarial e Participação nos Lucros e Resultados de R$ 8 mil. Além de não apresentar solução para outros itens da pauta de reivindicações, como turno ininterrupto, que a Constituição Federal fixa em 36 horas, adicional noturno de 40%, conforme praticado em todas as outras empresas, e o intervalo da intrajornada. Em relação ao último item, baseado na legislação trabalhista, o Ministério Público do Trabalho exige o cumprimento de, no mínimo, uma hora de intervalo para o almoço, mas a Bridgestone pratica só 30 minutos. Existem também denúncias graves de assédio moral.
É importante ressaltar que empresas do mesmo setor, como Good Year, Pirelli e Continental, fecharam acordos com reajuste de 7% nos salários e PLR de até R$ 9,2 mil. A Bridgestone é a maior empresa do ramo, patrocinadora de eventos esportivos internacionais, como corridas de carros e campeonatos de futebol. Mas, na Bahia, ao invés de negociar com os trabalhadores, age com truculência, contratando seguranças particulares para agredir os grevistas e acionando a Justiça do Trabalho para protelar a negociação.
Entretanto, é bom deixar claro que o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgou a greve legal e o Ministério Público do Trabalho e o Sindiborracha, nesse período de greve, apontaram várias alternativas para resolver o impasse, todas elas recusadas pela Bridgestone. A multinacional ainda desrespeita a lei de greve, quando substitui os trabalhadores baianos pelos trabalhadores da Bridgestone de São Paulo. E chega ao absurdo de ameaçar tirar a produção da Bahia, porque não consegue seus objetivos.
Em síntese, a Bridgestone tem usado todos os instrumentos antissindicais ao seu alcance para coibir a greve e pressionar os trabalhadores a voltar ao trabalho. Inclusive, tentou criminalizar o movimento, acusando-os de vândalos.
Com essas atitudes, a empresa declarou guerra tanto ao movimento sindical quanto ao Sindborracha, ao usar a violência contra os trabalhadores baianos que lutam por seus direitos pacificamente.
Esclarecemos que os trabalhadores da Bridgestone lutam, não apenas por melhores salários, mas por condições dignas de trabalho e fim do assédio moral. A empresa pratica salários maiores em São Paulo e essa diferenciação de remuneração entre os estados e também a adoção de uma política trabalhista desigual, em comparação às outras do mesmo setor, mostra que a Bridgestone lucra com a exploração da mão de obra, praticando dumping social."
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