Por não aceitar críticas, Augusto se descontrola e exagera

Valter Lima, do Sergipe 247 – O recuo do deputado estadual Augusto Bezerra (DEM) em relação à indicação da sua irmã, Ada Celestino Bezerra, para a Secretaria de Estado da Articulação Política e Relações Institucionais, gerou repercussão ainda maior do que o anúncio feito na semana passada de que ele, vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa, passaria a votar com orientação do Governo. Diante disso, muitos foram os comentários e críticas feitas ao parlamentar, que não soube lidar bem com a situação e perdeu a compostura esperada de homens públicos.

Através do seu Twitter, Augusto agrediu verbalmente a filha do prefeito João Alves Filho (DEM), Ana Alves, e a jornalista Gleice Queiroz. Também demonstrou não ter gostado de um comentário feito pelo vice-prefeito José Carlos Machado (PSDB) e de uma reportagem da TV Atalaia. Não é a primeira vez que o deputado comete exageros através do microblog. Em 2011, ele agrediu verbalmente o jornalista Cláudio Nunes, por causa de uma crítica.

Na manhã desta quarta-feira (24), após tomar conhecimento do que disse Machado (na coluna Periscópio, do Jornal da Cidade) e Ana Alves (na rede social Facebook), o deputado disparou sua verborragia nos poucos caracteres que os tweets permitem. “Acho que Machado brincou com um assunto sério. Eu não preciso de cargos para votar na Assembleia. E a minha decisão foi tomada junto com João Alves”, respondeu, ainda em tom ameno, ao comentário do vice-prefeito, que disse que o governador em exercício Jackson Barreto (PMDB) “errou” por não ter empossado a irmã do deputado, Ada Augusta, como secretária, no período da manhã, pois assim não teria dado tempo para Augusto retirá-la da “jogada”.

Sobre a filha do prefeito de Aracaju, Augusto foi mais incisivo e deselegante: “em respeito ao meu amigo e líder João Alves não vou responder as ofensa que Ana Alves me faz no Facebook por vários motivos. Não representa nada. Depois não sou psiquiatra para tratar de casos anormais e anomalias. Faço política com ética e com dialogo. As minhas conversas são com João Alves. Estou há 12anos dando sustentação ao DEM com oito na Oposição. Facebook não é latrina para se escrever tantas bobagens. Talvez seja falta do que fazer”.

E o que foi que Ana Alves publicou? Segundo o Jornal da Cidade, foram as seguintes palavras? “cheguei em casa agora e encontrei o jornal com esta chamada de capa: “Augusto Independente”. Corri para o calendário e fui olhar se hoje é 7 de setembro, data que se comemora a independência do Brasil, descobri que não, estamos em julho ainda. Augusto se considera "independente" de quê ou quem? Não sei, mas ficou claro que usa do seu status para fazer trocas”.

Ela questionou ainda se o deputado deixaria o DEM, pois “Jackson não é bobo e deve exigir isso dele, nada mais justo”. “Augusto também rompeu com os irmãos Amorim, que lhe davam apoio político e dependência política? Sim, pois sempre foram e eram - até ontem - ligados, irmãos siameses”, afirmou. Ana Alves também ironizou que até se “emocionava com o trio Augusto X Amorim X André Moura, causando inclusive problemas dentro do DEM”, que, segundo ela, “sempre foi democrático demais com uns e outros não”. “Augusto conhecendo isso, sempre se beneficiou do partido e trabalha sempre pensando nele de forma contrária em outros municípios, se aliando a adversários para derrubar outros partidários do Democratas ficando sempre tudo por isso mesmo”, criticou.

Contra a TV Atalaia, Augusto questionou a direção de Jornalismo da emissora: “A direção jornalística da TV Atalaia falou ontem sobre doce de maracujá. Isto prova que alguém da Diretoria desta emissora conhece o doce” (o Sergipe 247 não conseguiu recuperar o comentário feito pela TV, para poder estabelecer o contraponto).

Mas as declarações mais grosseiras de Augusto seriam feitas contra a jornalista Gleice Queiroz, que também foi agressiva contra o parlamentar. Mas é óbvio que ele, como deputado estadual, legítimo representante dos sergipanos, pelos votos que lhe colocaram na Assembleia, não poderia partir para a baixaria como fez. O parlamentar fez ataques de caráter pessoal, com viés preconceituoso, e se contradisse, pois, no início da discussão, afirmou que não perderia a postura.

“Amigos me dizem que você se acha feia e gorda e que quer aparecer. Não lhe conheço e nem quero. E só dou atenção a quem tem credibilidade. Quem disse que você é feia e gorda foram os twitteiros. Como dizem que você é Gorda e Feia só vá pro Mercado em Carnaval que você dá uma ótima Máscara. Agora vá fazer Regime/Plástica. Eu fiquei sabendo que você não conseguiu viajar no Helicóptero para Canindé por excesso de peso. Quem recebe na Cohidro sem trabalhar não tem Moral. Estou deixando pago uma semana de Herbalife para você, minha feinha. Só não posso pagar a Plástica. Não pago a Academia porque tenho pena da esteira. Você é feia, mas eu te amo. Vá trabalhar na Cohidro porque você recebe por lá e presta serviço em Canindé. Desonesta né?!”, afirmou Augusto em uma série de tweets, alguns com afirmações até infantis.

Diante da atitude (que não deve servir de exemplo para nenhum outro político), o parlamentar ainda se justificou: “veja como é: estou quieto, sou agredido por uma descompensada e ainda aparecem pessoas para emitir opiniões. Quem diz o que quer ouve o que não quer. Só passo a atacar quem me falta com respeito”. Óbvio que Gleice Queiroz não acompanhou os comentários de Augusto quieta. Ela o denominou de “vômito da política de Sergipe”. E mais: “se eu roubasse como você eu já tinha feito uma plástica. Você não está na cadeia porque goza da imunidade. Tenho peso de gordura e você tem de canalhice. Aliás, quando é que você começa a trocar voto por certificado do 2º grau?”.

Para além do que foi dito contra Augusto por Machado Ana Alves, Gleice Queiroz e pela TV Atalaia, é inaceitável que um político, de longa carreira, experimentado em debates, opte pela agressividade e pela descompostura. E pior: que se exponha dessa maneira através de uma rede social. O que se percebeu foi a falta de capacidade do deputado em superar as críticas diante do acordo político que tentou construir, ora com o Governo ora com a oposição. A imagem que transpareceu dele foi de um político que tudo faz por cargos e espaços de poder.  E que não tem controle sobre si mesmo quando é questionado e criticado. É o que ficou no imaginário popular. Será que Augusto saberá lidar com a crítica do Sergipe 247?