Recife é a terceira capital mais desigual do País
Capital pernambucana perde apenas para Macei e Macap. O dado faz parte de um conjunto de indicadores apresentados nesta quarta-feira (30) pelo movimento Observatrio do Recife
Bruna Cavalcanti_PE247 – Nos últimos anos, o Recife vem se posicionando como uma das capitais que mais crescem economicamente no País. No entanto, apesar do crescimento, a cidade ainda é uma das mais desiguais em termos de concentração de renda, conforme indicadores de qualidade de vida divulgados, nesta quarta-feira (30), pelo movimento Observatório do Recife (ODR). A capital pernambucana tem hoje a terceira pior linha de miséria do Brasil – famílias cuja renda per capita mensal é menor ou igual a ¼ do salário mínimo –, perdendo apenas para Maceió (AL) (14,35%) e Macapá (AP) (15%). De acordo com os dados, compilados do Censo 2010/IBGE, Recife tem 61.340 domicílios (13,03%) nessa situação.
A maioria dos demais indicadores analisados também não são favoráveis à capital pernambucana. Em dezembro de 2010, segundo dados compilados pelo RAIS/CAGED/TEM, 56,07% dos trabalhadores registrados ganhavam no máximo dois salários mínimos e absorviam 21,78% de toda a massa salarial. No mesmo mês, apenas 3,05% dos trabalhadores registrados no mesmo mês ganhavam 15 ou mais salários mínimos, concentrando 22,96% da massa salarial.
“Não se trata de fazer uma avaliação sobre o governo e sim uma avaliação do acesso de qualidade de vida e de políticas públicas que a população tem acesso. É necessário uma ação integrada e ampla para dar conta desses problemas”, explica o consultor do Observatório do Recife, Elvis Cesar Bonassa.
Comparada a outras capitais do País, Recife tem também o sétimo pior indicador no que se refere à média salarial de jovens. De acordo com dados registrados em dezembro de 2010, pelo RAIS/CAGED/TEM, o salário dos jovens com idade entre 16 e 24 anos chegava a R$ 800,28. Apesar da amarga colocação, a situação tem melhorado na capital pernambucana. Em 2008 e 2009, segundo índices do próprio ODR, o valor registrado era de R$ 666,31 e R$ 720,22, respectivamente.
A educação também não foi bem avaliada na capital. Em relação à distorção de idade no ensino médio na rede pública, Recife é a 2ª no ranking (59,60%) e perde apenas para Teresina (PI). De cada dez alunos, quase seis apresentam dois ou mais anos de defasagem em relação à idade ideal para as séries do Ensino Médio. Com 5,50 %, Recife é a 9ª capital cujos alunos desse nível da rede pública mais abandonam a escola, mais de 8 mil, segundo dados do Ministério da Educação.
No quesito relacionado ao saneamento, também levamos nota vermelha. De acordo com dados do Ministério das Cidades, referentes a 2009 - os dados de 2010 não foram enviados ao Observatório – o Recife é a 6º pior capital do País em perda de água. Conforme o estudo, 64,3% de água tratada é perdida no sistema de distribuição. “O nosso maior objetivo é divulgar essas informações para que a população do Recife possa se posicionar. A própria Compesa não admitia, até a pouco tempo, uma perda de água nesse valor”, afirma Kilsa Rocha, membro do conselho executivo do Observatório do Recife.
No entanto, Recife também teve bons indicadores. A capital pernambucana possui a 3ª melhor posição do país em relação ao número de vítimas não fatais de trânsito. Ao todo, segundo dados do DATASUS, são 10,34 pessoas feridas e não mortas em acidentes para cada cem mil habitantes.
Movimento
Esta é a terceira edição dos indicadores de qualidade de vida da capital pernambucana lançada pelo Observatório do Recife (ODR). O movimento analisa todos os anos um conjunto de 55 indicadores sociais divulgados por diversas fontes oficiais e os compara com as principais capitais do Brasil. Formado por vários profissionais e diversos grupos de trabalho que apoiam o movimento, o ODR é um movimento da sociedade civil que reúne setores, incluindo o setor acadêmico, com o objetivo de monitorar os indicadores da cidade na busca de melhorar o nível de vida de todos que habitam Recife.
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