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    Setor da construção em clima de fim de festa

    Vendas em queda, construtoras em dificuldades financeiras, lanamentos com atraso No a bolha que alguns temem, mas empresas vo precisar rever as estratgias mirabolantes

    Gisele Federicce avatar
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    Minas 247 - O setor da construção civil em Belo Horizonte está de ressaca. Depois de anos apresentando resultados robustos nos balanços das construtoras; de apresentar um número de lançamentos antes nunca visto; e de assistir à valorização também inédita dos imóveis, as empresas do setor estão em clima de fim de festa.

    O número mais novo se refere às vendas no 1º bimestre deste ano: queda de 26,5%, segundo a Fundação Ipead/UFMG. Foi o segundo ano consecutivo de recuo das vendas nos dois primeiros meses do ano.

    Uma das empresas mais tradicionais do setor em Minas, a Construtora Líder, anunciou há pouco mais de dez dias que está em processo de recuperação judicial, com prazo de 60 dias para achar soluções para uma dívida de R$ 67,5 milhões.

    Não se trata do estouro de uma bolha imobiliário no país, como acreditam alguns. Na verdade, a comparação com o que ocorreu nos Estados Unidos é descabida pela realidade distinta vivida pelos dois mercados. No Brasil, mais de 95% dos imóveis comprados são para moradia, quase sempre o primeiro imóvel do comprador; lá, o que houve foi a compra com fins de venda futura, buscando lucro. A queda dos preços nos EUA trouxe prejuízo a milhões. Aqui, a perda só seria sentida para quem “realizasse”, ou seja, vendesse o imóvel adquirido - a minoria faria isso, já que não venderia a casa onde mora.

    O que ocorre, a passos largos, é uma readaptação das construtoras aos novos tempos. Elas perceberam que era insustentável a continuar lançando empreendimentos na quantidade e velocidade de antes. Como disse um especialista do setor, ouvido pelo Minas 247 e que não quis se identificar: “As construtoras reclamam da falta de mão-de-obra qualificada, mas essa não é a questão principal”, diz a fonte. “Até falta gente especializada, mas o problema é que, com tantos imóveis lançados, nem nos EUA se acharia gente qualificada o suficiente.”

    Construtoras ouvidas pela jornalista Tatiana Moraes, do jornal Hoje em Dia, revelam que já perceberam essa situação. A Mascarenhas Barbosa Roscoe vai rever os lançamentos projetados para este ano, embora ainda sem números. O mesmo ocorre, claro, com a Líder. Na Mobyra Incorporações, o plano inicial de lançar 300 unidades este ano será mantido, mas a estratégia de vendas será revista: antes feitas quase todas no lançamento do imóvel, agora serão realizadas por equipes de vendedores de plantão por até cinco meses. Numa comparação com o primeiro bimestre de 2010, quando o setor ainda vivia em festa, os lançamentos já caíram 13,9%.

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