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    Silêncio de Cachoeira leva CPI a nova estratégia

    Começar pelo peixe graúdo não deu certo; Carlinhos Cachoeira passou sessão repetindo "calado, senhor" e ainda teve advogado Thomaz Bastos elogiado; agora, comissão aposta em depoimentos de governadores; quebra de sigilo da Delta e convocação de Fernando Cavedish na pauta

    Silêncio de Cachoeira leva CPI a nova estratégia (Foto: André Borges/Folhapress)
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    – O fracassso, na prática, da sessão da CPI do Cachoeira que tentou ouvir o próprio contraventor Carlinhos Cachoeira resultou numa mudança de estratégia da Comissão. Escaldados pelo silêncio do contraventor, que, ao lado de seu advogado, Marcio Thomaz Bastos, se escudou na Constituição para evitar fazer declarações, os parlamentares agora refazem sua estratégia. "Deveríamos ter começado pelos bagrinhos, como aconteceu em outras CPIs, para só mais tarde chegarmos ao peixe grande", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). "A estratégia de não quebrar logo de cara os sigilos fiscal e bancário da Delta no plano nacional também foi um erro", completou.

    Ao que parece, a começar pela posição do relator Odair Cunha (PT-MG), a partir de agora a CPI vai mudar. "Iremos ouvir todos os governadores citados na Operação Monte Carlo", disse Cunha, referindo-se a Marconi Perillo, de Goiás, Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro. "Já está claro que Marconi se descola desse grupo, porque em relação a ele há conversas diretas com o Cachoeira e evidências de que a Organização Criminosa prosperou em Goiás", acrescentou Randolfe.

    Igualmente ficou mais real a possibilidade de convocação do empresário Fernando Cavendish, presidente afastado da Delta Construções, de ser chamado a depor na CPI. A empresa deverá ter, ainda, seus sigilos fiscal e bancário quebrados.

    Na próxima sessão da Comissão, marcada para a quinta-feira 24, o araponga Adalberto Araújo, o Dadá, considerado braço direito de Cachoeira para suas operações ilegais de escuta, está convocado para depor. A impressão entre os parlamentares é a de que ele deverá manter o comportamento do chefe e, alegando a proteção da Constituição, não falar nada. Caso isso aconteça, a Comissão deverá passar a votar os requerimentos de convocação de novas depoentes. O certo é que, depois de começar de maneira tortuosa, a CPI do Cachoeira tomou uma lição de estratégia do ex-ministro Marcio Thomaz Bastos e terá de se aprumar para recuperar credibilidade junto à opinião pública. "Fomos feitos de bobos, e não somos pagos para isso", resumiu a senador Katia Abreu (PSD-TO).

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