"Valério dizia: quer fazer, faz. Não quer, vai embora"
Ex-secretária, Fernanda Karina Somaggio revela que rompeu com Marcos Valério porque não quis cumprir ordens para que fizesse coisas ilícitas nas agências DNA e SMPB; testemunha-chave na CPI dos Correios, ela acredita que a denúncia do caso do mensalão "foi um passo para a democracia" e que os ministros do STF "estão certos" em ser rígidos
247 - Em junho de 2005, depois das duas entrevistas concedidas por Roberto Jefferson à Folha de São Paulo, o surgimento de uma testemunha, a secretária Fernanda Karina Somaggio, que trabalhava para Marcos Valério, foi decisivo para emprestar credibilidade ao acusador (leia aqui a entrevista original, concedida à revista Istoé Dinheiro).
Agora, com os ex-patrões condenados, ela volta à cena para defender as decisões do STF, em entrevista ao jornalista Bruno Lupion, do Estado de S. Paulo. Leia aqui a íntegra e trechos abaixo:
A denúncia
Foi um passo para a democracia, para as pessoas começarem a ver que existe Justiça para todo mundo. Se a gente for analisar toda a história do Brasil, nunca tinha acontecido (de políticos importantes serem condenados). Pode não parecer, mas é o nosso dinheiro que vai fazer falta na outra ponta, que é a ponta de quem precisa de atendimento médico, de segurança. O Brasil ainda tem muito o que evoluir, mas já deu o primeiro passo. A cultura da corrupção, da compra de voto, do “pagou, eu alivio”, tem que se extinguir.
As decisões do STF
Acho que os ministros estão certos, que eles estão lá para representar o que a população sente. Acho que toda a população gostaria desse rigor que está sendo imposto. Com todas as pessoas que eu converso, das quais muitas nem sabem quem eu sou, vejo que pensam a mesma coisa. Nós gostaríamos de uma Justiça rigorosa com todos. Na política, acho que já teve impacto nessa eleição, com a Lei da Ficha Limpa. Se não tivesse tido todo o episódio do mensalão, a população não teria pedido pela Ficha Limpa. Foi um passo.
A condenação dos sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz
Se você fez, você tem que pagar. Acho que os ministros do STF fizeram um excelente trabalho. Eles colocaram a população brasileira para pensar. Por mim, todos eles deveriam pagar da mesma maneira, porque sabiam o que estava acontecendo. Os três sócios sabiam de exatamente tudo, tirando a Simone, que era mandada.
O caso de Simone Vasconcellos
Ela tinha discernimento do que era certo e do que era errado. Ela não fez porque mandaram e (ela) tinha medo de perder o emprego. Ela fez porque sabia que estava fazendo aquilo, e o que ela estava fazendo era errado. Então ela tem que pagar pelo que ela fez.
Pedidos de Marcos Valério
Sim, foi o motivo de eu ter saído de lá. Quando comecei a indagar sobre certas atitudes dentro da empresa, isso começou a irritar todo mundo, inclusive o Marcos Valério. Porque ele era sem educação, ele mandava e pronto. Quer fazer, faz, não quer, junte suas coisas e vai embora. Eu achei que a melhor coisa era a segunda opção.
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