“Vilela administra de costas para o povo”, diz Collor
Em entrevista ao jornal Tribuna Independente, o senador Fernando Collor (PTB-AL), voltou a criticar o governador Vilela (PSDB-AL). Para Collor, “o governador, como autêntico representante dos usineiros, administra sentado na casa grande, de costas para o povo e com leniência”. Sobre 2014, o senador disse que pleiteia a reeleição, mas que uma candidatura ao governo teria que ser gestada coletivamente com os partidos da base de sustentação da presidente Dilma.
Em entrevista ao jornal Tribuna Independente, o senador Fernando Collor (PTB-AL), voltou a criticar o governador Vilela (PSDB-AL). Para Collor, “o governador, como autêntico representante dos usineiros, administra sentado na casa grande, de costas para o povo e com leniência”. Sobre 2014, o senador disse que pleiteia a reeleição, mas que uma candidatura ao governo teria que ser gestada coletivamente com os partidos da base de sustentação da presidente Dilma.
Leia, abaixo, a entrevista completa:
Por Cadu Epifãnio
Para o senador Fernando Collor, Alagoas tem ‘desgoverno’
Parlamentar confirma que não pretende disputar o Governo, mas vai à reeleição; ele quer continuar sendo útil ao Estado. Senador Fernando Collor questiona o destino dos empréstimos feitos pelo governo do Estado
Tribuna Independente – Senador, concorrendo ao Palácio ou a mais um mandato no Senado, o que de diferente o alagoano pode esperar de Fernando Collor de Melo?
Fernando Collor – Em outras manifestações públicas, já externei a minha prioridade de pleitear a reeleição. Este é o meu desejo, é a minha meta. E o alagoano poderá contar com toda minha motivação e experiência na atividade pública, para prosseguir a luta, com destemor, em defesa do desenvolvimento do nosso Estado. Com relação a uma disputa para governador, devo dizer que esse é um projeto que tem que ser gestado coletivamente. Faço parte de um campo de forças partidárias da base de sustentação da presidenta Dilma [Rousseff, PT] e que, em Alagoas, exercita o legítimo direito de se opor a esse desgoverno vilelense, que paralisou o Estado ao longo de todos esses anos. Portanto, não há pretensão de se tomar decisões solitárias. Esse grupo, afinado com o governo federal, deverá protagonizar solidariamente a construção local do palanque de Dilma à reeleição.
T.I. - O que mais incomoda o senhor quando falamos sobre a atual gestão do governo alagoano?
Fernando Collor - O governador Vilela [Teotonio, PSDB], como autêntico representante dos usineiros, administra sentado na casa grande, de costas para o povo e com leniência. Em seu desgoverno, Alagoas conquistou alguns campeonatos vergonhosos e outros até macabros, como aquele que posiciona o nosso Estado na condição de líder de assassinatos no Brasil. As mortes já são contadas por hora e não mais por dias, semanas, meses. Os números são de uma guerra civil e estamos perdendo esta guerra, lamentavelmente. Nunca a sociedade alagoana andou tão amedrontada e nunca um governo faltou tanto com o seu dever, não obstante o apoio recebido de Brasília. Com relação à segurança, à educação e à saúde, em especial, Vilela deixou de fazer sua lição caseira e desdenhou de enorme contingente de alagoanos que depende da mão solidária do poder público estadual para ser assistido. É lamentável, mas paramos no tempo.
T.I. – O que pode ser melhorado? Do que Alagoas precisa para se desenvolver?
Fernando Collor - No campo federativo, vejo que é necessário sintonizar o Estado com a dinâmica do governo federal. Apesar de todo o volume de recursos transferidos – e não é pouco -, o Estado não sai do atoleiro. No campo local, vejo como imprescindível garantir transparência aos números. O governador vai entrar para a história como o que mais endividou o Estado e ninguém sabe, em detalhes, o destino de tantos recursos contraídos perante instituições financeiras. É preciso também reordenar a máquina administrativa, fazer concursos e recompor o quadro policial defasado, além de resgatar e dignificar a funcionalidade do setor de saúde e da rede estadual de ensino. É preciso restabelecer o diálogo, de forma respeitosa e produtiva, com os movimentos sociais, porque qualquer governo é constituído por pessoas e, através delas, as políticas públicas são executadas.
T.I. - Como o PTB está se preparando para as eleições de 2014?
Fernando Collor - O partido vem se fortalecendo para apresentar sua proposta e participar efetivamente da disputa de 2014. Queremos somar esforços com nossos aliados e correligionários, numa ação unitária em que estarão na mesma direção os nossos prefeitos, vice-prefeitos e parlamentares, no sentido do crescimento do trabalhismo em Alagoas. Temos um grupo de gestores municipais da melhor qualidade. Destaco a vitória da companheira Célia Rocha, em Arapiraca, que é o maior município do interior alagoano, como exemplo de uma fase de crescimento e consolidação do PTB em nossa terra. Além disso, o partido busca uma vida orgânica muito mais dinâmica, com presença nos movimentos sociais e entre os jovens. Agora mesmo foi constituído o diretório estadual da Juventude do PTB, para discutir propostas e abrir espaço para essa nova geração que deseja participar da vida política.
T.I. - A possibilidade de disputar algum cargo - Senado ou Governo - contra Teotonio Vilela, Benedito de Lira ou Thomaz Nonô, o deixa apreensivo ou motivado?
Fernando Collor - Não há esse sentimento de apreensão. Sinceramente, estou focado na minha atividade de senador da República, de presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, por onde se examina a ação do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], fundamental para o Brasil e, em especial, para Alagoas, onde a obra do Canal do Sertão, que entrou no PAC por uma proposição que encaminhei ao então presidente Lula [PT], representa um dos maiores empreendimentos hídricos em execução no Nordeste. Aliás, todos os grandes investimentos dos últimos tempos no Estado possuem o DNA da bancada alagoana e o selo do governo federal. Em Brasília, meu gabinete vem servindo de trincheira, de ponto de apoio para prefeitos, vereadores e líderes sindicais e de associações de classe alagoanos, que buscam reforço para justas reivindicações de interesse público.
T.I. - O senhor conquistou tudo que uma carreira política pode oferecer. Ainda resta objetivos, anseios, metas não realizadas? Na verdade, há algum sonho não concretizado?
Fernando Collor – Meu desejo é de continuar sendo útil a Alagoas. Se no passado, por exemplo, consegui urbanizar o Sobral e duplicar a Assis Chateaubriand, construir o Dique Estrada, o conjunto Virgem dos Pobres, fazer a única dragagem da história da lagoa Mundaú, implantar o emissário submarino, asfaltar 300 quilômetros de rodovia estadual, desencadear a abertura econômica no país, garantir a hidrelétrica de Xingó, fazer a Eco-92 e tantos outros empreendimentos de relevante interesse público estadual e nacional; hoje, verifico a presença do meu mandato parlamentar em 60 municípios alagoanos, com destinação de recursos por emendas ao Orçamento da União. Desses municípios, 40 já se beneficiam com obras resultantes do meu esforço no Senado Federal. Meu objetivo é de prosseguir servindo ao povo, de me enfileirar nessa luta e emprestar toda a minha experiência acumulada no serviço público à causa alagoana, ao Estado que necessita de muito mais para sair dessa letargia, desse quadro de estagnação, para dar um salto em direção a um futuro de paz, crescimento econômico e desenvolvimento.
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