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    Balança comercial positiva expõe fragilidades na indústria de transformação, alerta Abimaq

    Apesar do segundo maior superávit da história, setor industrial sofre com perda de competitividade e altos custos de produção

    José Velloso, presidente da Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) (Foto: Divulgação )
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    247 - A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um superávit de US$ 74,552 bilhões, conforme dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Apesar do expressivo resultado, que representa o segundo maior saldo desde o início da série histórica em 1989, o valor reflete uma queda de 24,6% em comparação ao recorde de 2023, quando o superávit chegou a US$ 98,903 bilhões. O desempenho positivo, no entanto, não foi suficiente para acalmar os ânimos na indústria de transformação, que vê no aumento das importações e na perda de competitividade interna sinais preocupantes.

    O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, destacou que, apesar do saldo favorável, o cenário para a indústria nacional está longe de ser animador. "Na visão da Abimaq, o resultado da balança comercial, apesar de bom, é preocupante. Cada vez menos relevante nas exportações, a indústria de transformação perde espaço para o crescimento do petróleo", afirmou Velloso.

    Segundo ele, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não foi acompanhado por uma melhora no desempenho industrial. "Os analistas enxergam o aumento das importações como consequência do aumento do PIB e não como consequência do aumento do Custo Brasil. O custo de insumos e de capital são os maiores problemas da indústria que quer agregar valor às matérias-primas", destacou.

    Impacto das tarifas e perda de competitividade

    Velloso apontou que o aumento de impostos de importação em setores estratégicos tem afetado diretamente a competitividade industrial brasileira. "Além dos produtos siderúrgicos e químicos que tiveram aumento de Imposto de Importação, a Tarifa Externa Comum (TEC) como um todo teve recomposição de 10%. Bens de Informática e Telecomunicações (BIT) e Bens de Capital (BK) ficaram de fora dessa recomposição", explicou.

    O executivo também chamou a atenção para a necessidade de revisão das tarifas sobre matérias-primas essenciais. De acordo com ele, os números indicam que os produtores brasileiros estão pagando entre 40% e 50% a mais do que seus concorrentes internacionais, resultando em queda no consumo de máquinas e equipamentos.

    Desafios para o futuro

    Os dados do Mdic mostram que, enquanto as exportações somaram US$ 337,036 bilhões em 2024 — uma queda de 0,8% em relação a 2023 —, as importações cresceram 9%, totalizando US$ 262,484 bilhões. O aumento do consumo de bens manufaturados importados reflete, segundo Velloso, a perda de competitividade da indústria nacional.

    O presidente da Abimaq reforçou que o Brasil precisa adotar medidas estruturais para reduzir o chamado Custo Brasil, que engloba fatores como carga tributária elevada, infraestrutura deficiente e custos logísticos elevados. "É preciso rever com urgência as políticas tarifárias e os incentivos fiscais para garantir que a indústria de transformação possa competir de igual para igual no mercado global", concluiu.

    Diante desse cenário, a indústria brasileira segue pressionada, aguardando políticas públicas mais eficazes que promovam um ambiente favorável à produção nacional e ao fortalecimento do setor industrial no país.

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