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    Indústria de calçados do Brasil enfrenta desafios globais e busca fortalecimento interno

    Setor mantém protagonismo no Ocidente e aposta em proteção contra práticas desleais para crescer

    indústria de calçados brasileira (Foto: CNI/Divulgação )
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    247 - A indústria de calçados brasileira, uma das mais relevantes do mundo e a maior do Ocidente, vive um momento de recuperação e adaptação frente a desafios locais e globais. Após sentir os impactos de tragédias ambientais no Rio Grande do Sul, polo fundamental do setor, e da crescente competição com produtos asiáticos, o segmento busca se consolidar como um pilar econômico. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), relatados em reportagem da Istoé Dinheiro, o setor movimenta mais de R$ 33 bilhões ao ano e gera mais de um milhão de empregos diretos e indiretos.

    Em 2024, a produção nacional deve alcançar 890 milhões de pares de calçados, representando um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. Para 2025, a previsão é ainda mais otimista, com a produção estimada em 904 milhões de pares, dos quais 15% deverão ser destinados à exportação, especialmente para mercados como Estados Unidos, Argentina e Paraguai. “O mercado interno ainda é o principal destino da produção, mas enfrentamos uma concorrência desleal de produtos importados, especialmente de países asiáticos”, afirma Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados.

    Apesar do aumento de 9% no consumo interno até setembro de 2023, o crescimento da produção foi de apenas 4,8%, o que resultou em maior espaço para produtos importados no mercado nacional. Essa realidade acendeu o alerta para a necessidade de proteger a indústria doméstica, levando o governo a adotar medidas como a taxação de pequenas importações e a manutenção de tarifas antidumping.

    Medidas de proteção e desafios

    Desde 1º de agosto de 2024, a Lei 14.902 estabelece uma alíquota de 20% para compras internacionais de até US$ 50 e 60% para valores entre US$ 50,01 e US$ 3.000. Embora a iniciativa tenha sido um avanço, Ferreira avalia que ainda há desafios a superar. “Essa alíquota de 20% é um alívio para o setor, que já chegou a enfrentar a possibilidade de importação com tarifa zero, mas ainda não é suficiente para competir em condições iguais. Os custos de produção no Brasil são cerca de 40% maiores que nos países asiáticos”, explica.

    As importações de calçados da China, sujeitas a tarifas antidumping de US$ 10,22 por par desde 2010, também continuam sendo uma questão crucial. Essa medida, renovada em 2022 e válida até 2027, visa evitar práticas desleais como o dumping, que consiste na venda de produtos no exterior a preços inferiores aos praticados no mercado interno. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a suspensão da tarifa poderia provocar danos significativos à indústria nacional.

    Além das barreiras tarifárias, a Abicalçados tem destacado a importância da certificação ESG (Origem Sustentável) como diferencial competitivo. Ferreira reforça que as fábricas brasileiras que adotam práticas sustentáveis têm enfrentado desvantagens em relação a países como China, Vietnã e Indonésia, que não seguem os mesmos padrões ambientais e sociais. “A falta de ratificação de convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) por esses países afeta diretamente a competitividade de setores como o de calçados, que é intensivo em mão de obra”, aponta.

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