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    Emissões de gases de efeito estufa do Brasil subiram 9,5% em 2020 com desmatamento, aponta estudo

    Enquanto a maioria dos países gerou menos emissões de carbono durante a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, o Brasil emitiu 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente no ano passado

    Vista aérea mostra rio e terreno desmatado perto de Porto Velho, Rondônia (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    Por Anthony Boadle

    BRASÍLIA (Reuters) - As emissões de gases de efeito estufa do Brasil aumentaram 9,5% em 2020, em grande parte devido ao aumento do desmatamento na Amazônia durante o segundo ano do governo do presidente Jair Bolsonaro, disse um relatório publicado nesta quinta-feira por especialistas em mudanças climáticas.

    Enquanto a maioria dos países gerou menos emissões de carbono durante a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, o Brasil emitiu 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) em 2020, contra 1,97 bilhão em 2019, de acordo com o estudo.

    Descontando a remoção de gases de efeito estufa por florestas secundárias e áreas protegidas, as emissões líquidas brasileiras aumentaram 14% no ano passado, para 1,52 GtCO2e, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), mantido pelo Observatório do Clima.

    "Continuamos com o desmatamento dominando nossas emissões brutas e, o pior, com tendência de alta nas emissões no ano em que deveríamos começar a cumprir as metas do Acordo de Paris", disse Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.

    O aumento do desmatamento colocará o Brasil em desvantagem nas negociações climáticas na COP26, que começa no domingo em Glasgow, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

    "O Brasil conseguiu a proeza de ser talvez o único grande emissor que poluiu mais durante o primeiro ano da pandemia", disse.

    O Brasil vai ampliar suas metas do Acordo de Paris na COP26, ao tentar recuperar a credibilidade de suas políticas ambientais, antecipando para 2050 a meta de neutralidade de carbono, ou emissão líquida zero.

    Em uma cúpula do Dia da Terra organizada em abril pelo presidente dos EUA, Joe Biden, Bolsonaro prometeu acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Mas ele continua a insistir na mineração comercial e na agricultura na floresta, inclusive em terras indígenas protegidas.

    Ativistas ambientais alertam que as metas climáticas anunciadas estão em desacordo com o que está acontecendo agora na Amazônia, com as autoridades fechando os olhos para o corte ilegal de madeira e o garimpo, o que tem empurrado a maior floresta tropical do mundo em direção a um possível ponto de inflexão.

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