‘Ameaças bolsonaristas não impedirão Lula de governar o Brasil’, destaca Gleisi Hoffmann na TVT
No programa “Entre Vistas”, Gustavo Conde conversou com a presidenta nacional do PT e deputada federal. O ato golpista em Brasília foi o assunto principal da conversa
Por Júlia Pereira, da Rádio Brasil Atual - “Dá muita tristeza, até porque muita coisa histórica foi depredada e a gente nunca entendeu a luta política dessa forma. Um vandalismo e terrorismo sem precedentes na nossa história contra essa centralidade que representam esses prédios da União brasileira. E indignação, raiva inclusive, porque, como é que pode chegar a esse ponto? Quem se diz patriota, em defesa da pátria, do Brasil, depreda os símbolos brasileiros e ainda tem a coragem de se vestir, enrolar na bandeira nacional, ir com a camiseta verde e amarela. Então, uma indignação muito grande em relação a isso”, disse a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
A afirmação foi feita nesta quinta-feira (12) ao apresentador Gustavo Conde, que substitui Juca Kfouri, em férias, na apresentação do programa Entre Vistas, da TVT. A entrevista foi concedida quatro dias após os ataques terroristas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No último domingo (8), bolsonaristas, inconformados com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), invadiram e depredaram as sedes dos três poderes, na capital federal. Ação vista com “tristeza” e “indignação” pela parlamentar.
Deputada federal reeleita pelo Paraná com a segunda maior votação do estado, Gleisi ainda pontuou o caráter criminoso dos ataques e da ação policial que, por meio de vídeos e depoimentos, foi apontada como facilitadora da invasão. De forma imediata, no próprio domingo, o presidente Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Uma atitude elogiada pela presidenta do PT. Assim como a resposta do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou o afastamento e a prisão de autoridades, incluindo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-secretário distrital de Segurança Pública, o bolsonarista Anderson Torres.
‘Ameaças não impedirão Lula’
“Ainda bem que o presidente Lula teve muita firmeza, agiu rápido, decretou intervenção nas forças de segurança, conversou e determinou, tanto nos ministérios da Justiça e da Defesa, as atitudes para recuperar os prédios e para tirar os vândalos e criminosos do local, também a ordem de prisão de milhares que foram presos. E também uma ação muito incisiva e determinante do ministro Alexandre de Moraes que, de imediato, determinou o afastamento do governador, a prisão do secretário de Segurança, e de várias pessoas, a interdição dos ônibus e começou um processo de investigação”, elencou a deputada.
Questionada por Conde sobre os riscos de episódios semelhantes aos ataques de domingo se repetirem ao longo do governo Lula, Gleisi enfatizou que casos assim merecem uma resposta criminal. De acordo com ela, as “ameaças bolsonaristas não irão impedir Lula de governar o Brasil”. A deputada e presidenta do PT ressalta, contudo, que será também importante uma articulação política nas ruas e nas redes para que o presidente continue combatendo os ataques, inclusive os virtuais.
“Nós enfrentamos uma das campanhas mais difíceis da nossa história. Uma campanha que teve muito dinheiro do poder público. O (Fernando) Haddad, que é nosso ministro da Fazenda, fez um cálculo de que eles (do governo Bolsonaro) gastaram no período da pré-campanha e campanha (eleitoral) cerca de R$ 300 bilhões de recursos públicos, entre auxílios, benefícios, empréstimos e orçamento secreto para poder ganhar a eleição. Além disso um financiamento empresarial. Muita coisa fora da prestação de contas e da legalidade. As redes sociais que eles já tinham fortes, utilizaram de muita fake news, e nós conseguimos vencer”, observa Gleisi.
Situação do Ministério da Defesa
“Então quando a gente tem uma causa, vontade e a verdade, a gente vence. Porque esse não é um governo de vários interesses. Esse é um governo que tem um projeto nacional. Tanto que optou pelo presidente Lula a despeito de toda a barbaridade que foi feita e dessa campanha grande que eles (bolsonaristas) fizeram, utilizando esses meios todos”, adverte a parlamentar.
Os ataques de cunho golpista do último domingo acenderam também um debate sobre a saída ou não do ministro da Defesa, José Múcio. O chefe da pasta foi criticado após ter defendido uma “solução negociada” para os acampamentos bolsonaristas, aos quais se referiu como “manifestações democráticas”.
Durante conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, na quinta-feira pela manhã, Lula afirmou que Múcio continuará à frente do ministério. “O ministro Múcio é um ministro que sempre teve como característica a negociação e a conciliação. (Ele) já foi nosso ministro de Relações Institucionais no primeiro governo do presidente Lula. E é óbvio que você pode mediar e negociar, e tem que ter firmeza e determinação. Eu acho que é isso que está acontecendo e vai continuar acontecendo daqui para frente. Atuando junto com o Ministério da Justiça e com os governadores, porque, como eu disse, a responsabilidade desse governo e do presidente Lula, e ele tem feito e agido bem, é com os interesses do país”, ressaltou Gleisi.
Projeto de país
“É fazer com que o país continue funcionando. E fazer com que a gente tenha normalidade na prestação dos serviços públicos e possa avançar nos projetos que nós temos compromisso. Não só os que foram apresentados na campanha, mas aqueles que fazem parte da nossa causa e vida, que é governar para o conjunto da sociedade brasileira”, finalizou a presidenta e deputada do PT.
O programa Entre Vistas vai ao ar todas as quintas-feiras, às 21h30. A íntegra dos programas anteriores está disponível no YouTube e também em formato de podcast nas plataformas de áudio digital.
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