EBC contrata Rita Von Hunty e é criticada pela base petista
Crítica se baseia no antipetismo da drag queen e no reforço ao identitarismo, que estimula o crescimento da extrema direita no País
247 – Ao lado do presidente da EBC, Jean Lima, o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, anunciou a contratação da drag queen Rita Von Hunty para a apresentação de um programa sobre história do Brasil pela emissora pública. A contratação de Rita como apresentadora da nova série “Como Nascem os Heróis” pela TV Brasil, empresa controlada pela EBC, gerou reação negativa entre militantes da base petista. Os críticos destacaram o histórico de declarações antipetistas da artista e questionaram o impacto de uma abordagem identitária, associando-a ao fortalecimento de pautas que acabam por beneficiar a extrema direita no país.
A série, que deve estrear em março do próximo ano, promete explorar figuras históricas brasileiras e discutir a formação da identidade nacional, conforme apontado por Pimenta. Porém, parte dos críticos dentro da esquerda enxergou o projeto como uma expressão de “identitarismo”, uma visão que, segundo eles, fragmenta o debate político e social ao focar em pautas específicas e não em uma agenda popular e econômica mais ampla. Esses críticos argumentam que o identitarismo pode desviar o foco de temas como a desigualdade e a justiça social, reforçando divisões que acabam sendo exploradas pela extrema direita para dividir a esquerda e enfraquecer o movimento progressista. Confira algumas reações ao anúncio:
Entenda por que o identitarismo fortalece a extrema direita no Brasil e no mundo, especialmente em sociedades com valores conservadores
O identitarismo, focado em reivindicações de grupos específicos com base em características como gênero, raça e orientação sexual, é uma abordagem que busca dar visibilidade e representatividade a diversas comunidades historicamente marginalizadas. No entanto, em países como o Brasil, onde uma parcela expressiva da sociedade possui valores conservadores, essa abordagem tem sido apontada como um fator que, paradoxalmente, pode fortalecer a extrema direita.
Essa contradição ocorre porque, ao enfatizar identidades e questões específicas, o identitarismo pode alienar eleitores de perfil mais conservador e até mesmo setores populares que priorizam pautas econômicas, de justiça social e de inclusão mais ampla. Para eles, a fragmentação do discurso progressista em múltiplas agendas identitárias pode parecer alheia ou incompatível com as lutas de base, especialmente em um cenário de crise econômica e desigualdade crescente. Assim, ao invés de consolidar uma frente unida contra forças conservadoras, o identitarismo tende a dispersar a militância progressista e a criar divisões internas que são facilmente exploradas pela extrema direita.
No Brasil, onde o ambiente político é fortemente polarizado, o foco em identidades específicas tem oferecido terreno fértil para a extrema direita fortalecer suas bases ao apelar para temas de “tradição” e “valores familiares”. Políticos de direita, como Donald Trump nos Estados Unidos e Jair Bolsonaro no Brasil, costumam explorar essas divisões ao criticar o que chamam de “politicamente correto” e “agenda identitária” da esquerda, usando a retórica de que a esquerda está desconectada dos problemas reais da população e prioriza grupos específicos em detrimento do coletivo.
Esse discurso, que critica o identitarismo, ganha força ao alimentar o medo de que mudanças culturais rápidas estejam ameaçando o estilo de vida tradicional. Dessa forma, temas como direitos LGBTQIA+, justiça racial e igualdade de gênero são frequentemente distorcidos como ameaças, o que contribui para uma “guerra cultural” que mobiliza e radicaliza eleitores em torno de pautas conservadoras. No cenário global, a extrema direita tem aproveitado essa dinâmica para se consolidar, principalmente em sociedades que possuem um histórico de valores familiares e religiosos enraizados, criando uma polarização que enfraquece o debate político e as pautas progressistas mais abrangentes.
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