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Justiça condena influenciadora por racismo após ter chamado filha de Bruno Gagliasso de 'macaca'

'Foi uma das maiores penas já aplicadas no Brasil', disse a ministra Anielle Franco

Bruno Gagliasso e Titi Ewbank Gagliasso (Foto: Instagram)

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247 - A Justiça do Rio de Janeiro condenou a empresária Day McCarthy pelos xingamentos racistas a Titi Ewbank Gagliasso. A filha de Giovanna Ewbank e do ator Bruno Gagliasso foi chamada de "macaca" em vídeos publicados no Instagram em 2017.A filha de Giovanna Ewbank e do ator Bruno Gagliasso foi chamada de "macaca" em vídeos publicados no Instagram em 2017. A empresária deverá pagar R$ 180 mil pelos insultos, mas a defesa disse que o valor passará de R$ 500 mil com juros e correção monetária. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que foi "uma das maiores penas já aplicadas no Brasil por crime de racismo".

Os pais da menina só conseguiram entrar com uma denúncia em 2021. De acordo com informações publicadas pelo Notícias da TV, Day foi julgada à revelia, quando um réu é comunicado oficialmente sobre o processo, mas não se defende perante o juiz.

A ministra Anielle Franco comentou a sentença. "Demos um importante passo no enfrentamento ao racismo e em direção da igualdade. A justiça brasileira condenou o ato de racismo contra Chissomo, a Títi, filha dos artistas @brunogagliasso e @gioewbank, uma menina negra que tinha apenas 4 anos quando foi vítima de ofensas racistas", continuou. 

"A autora do crime foi julgada e condenada por injúria racial e incitação ao preconceito a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. Uma das maiores penas já aplicadas no Brasil por crime de racismo. Seguiremos atentas e vigilantes, trabalhando para que o respeito e a igualdade sejam premissas de cidadania e de um país desenvolvido".

Giovanna Ewbank e do ator Bruno Gagliasso publicaram uma carta aberta nas redes sociais:

"Hoje a gente vem celebrar uma vitória contra o racismo. E sabemos que, infelizmente, esta vitória acontece por termos visibilidade e brancos e, portanto, mais ouvidos que a população negra que, desde que foi sequestrada para este país, não para de gritar e sangrar. Nunca é tarde, mas ainda é tarde.

Quando nossa filha Chissomo tinha apenas quatro anos, em 2017, foi alvo pela primeira vez do racismo. Títi, como vocês conhecem, nem sabia que poderia ser vítima assim como ocorre com toda criança preta. O crime veio de uma mulher eugenista, que encontrou na internet o ambiente perfeito para proferir violências hediondas --aqui, às vezes o mundo parece retroceder com ataques às minorias crescendo de modo desmesurado. Demos voz aos idiotas?

Mesmo com todos os nossos privilégios, o caminho foi longo: apenas em maio de 2021 conseguimos oferecer uma denúncia. E somente na última quarta-feira, dia 21 de agosto de 2024, sete anos depois, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proferiu uma decisão inédita condenando a autora dos crimes por injúria racial e racismo. A pena? 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado.

Essa á primeira vez que, em reposta ao racismo, o Brasil condena uma pessoa a prisão em regime fechado. Sim, estamos em 2024 e essa ainda é a primeira vez. Apesar de tardio, é histórico. O direito criminal diz que pouco pode ser feito pela reversão da pena, no máximo sua redução. E assim esperamos e seguiremos confiantes na justiça, pois há anos estamos lutando por entendermos que esta vitória não é nossa, mas da nossa filha, coletiva e de toda uma comunidade.

Seguimos confiantes na atuação consistente do judiciário para assegurar que crimes de racismo sejam devidamente reconhecidos e punidos – enaltecemos também a Procuradoria da República do Rio de Janeiro pela atuação firme e combativa. E somos gratos à advogada Juliana Souza e sua equipe que nunca nos deixou esmorecer.

Como pais, estamos emocionados e agradecemos: a comoção pública foi fundamental para este avanço. Não temos mais nada a declarar, mas seguiremos vigilantes porque o racismo está longe de acabar".
 

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