“Nunca vi um sistema midiático tão fechado e controlado quanto o da grande mídia brasileira”, diz Glenn Greenwald
Em entrevista ao programa Forças do Brasil, na TV 247, o jornalista Glenn Greenwald discorre sobre a corrupção da grande mídia brasileira e seu caráter fraudulento. “Eu atuei como jornalista em 25 países e nunca vi nada como o que ocorreu no golpe de 2016”, disse. Assista
Por Victor Castanho, 247 - O jornalista Glenn Greenwald denunciou o caráter tendencioso e corrupto dos grandes canais midiáticos brasileiros no programa Forças do Brasil, conduzido pelo jornalista Mario Vitor Santos na TV 247. “A falta de dissidência entre Globo, Estadão, Veja e Folha quanto ao impeachment de Dilma revelou que o objetivo desses canais era destruir o PT”, disse Glenn, vencedor do prêmio Pulitzer, o maior do jornalismo.
“O impeachment em qualquer caso é a decisão mais grave que uma democracia pode tomar. Não à toa fiquei chocado com o fato de a grande mídia não somente prevenir a discussão sobre esse acontecimento como também liderar os protestos contra Dilma sob o pretexto de estar meramente os relatando”, acrescentou Glenn. O jornalista afirmou que embora canais independentes, como o Brasil 247, tenham tentado estabelecer um diálogo com a população a respeito dessa decisão, o alcance não pôde se comparar ao da grande mídia. “A discussão que os canais independentes tentaram promover não pôde competir com o divulgado pela Globo, Veja e famílias industriais e oligárquicas que controlam a informação no País”, disse.
Glenn afirmou que a raiz do problema está na desigualdade que perpassa todas as esferas do Brasil. “Embora a imprensa livre seja protegida pela constituição brasileira, a desigualdade limita o número de pessoas capazes de criar um novo canal de comunicação e faz com que o poder fique na mão das oligarquias de sempre. Então a informação é extremamente controlada no País”, reiterou.
Para o jornalista é imperativo que exista uma dialética constante nos meios de comunicação, sempre sendo fomentado o questionamento do establishment em uma relação apartidária com seus agentes. “O papel do jornalista é ser adversarial, crítico e investigativo. Devemos destrinchar a verborragia de políticos em busca da verdade”, disse Glenn. “A minha crítica à grande mídia brasileira não é o fato desta ter apoiado o impeachment. A minha crítica é o fato de ter sido feito ativismo e não jornalismo porque a motivação dos grandes canais midiáticos não era noticiar o ocorrido, mas sim seguir uma agenda política própria. O objetivo do jornalista nunca deve ser apoiar ou prejudicar um partido, isso é política. Jornalismo é divulgar os fatos que o público tem o direito de saber independentemente de quem você ajuda e quem você prejudica”, acrescentou.
Glenn relatou que sua saída do Intercept foi motivada por sua crença nesses princípios. O jornalista conta que aceitou seu cargo na publicação com a condição contratual de que seu conteúdo não seria editado de forma alguma. “Três semanas antes da eleição presidencial dos Estados Unidos, porém, os editores do Intercept descobriram que eu estava trabalhando em um arquivo com documentos sobre a família de Joe Biden e suas ações na Ucrânia e na China. Diante disso, foi dito a mim, pela primeira vez em 7 anos, que eu não poderia publicar um artigo sem a aprovação de um editor. Eles temiam que os dados fossem influenciar a eleição e criar a percepção de que o Intercept era apoiador de Trump”, contou Greenwald.
Com sua saída desse canal, Glenn conta que encontrou espaço para expor suas ideias em canais diversos, como a CNN, MSNBC e Fox News. “Se você tem informações e opiniões que crê serem importantes, creio que seu dever é maximizar o número de pessoas com quem você pode dialogar. Por isso, já fui ao Pânico e à Jovem Pan, canais de extrema direita. Como jornalista quero dialogar com o maior número de pessoas que consigo, sem me importar com o viés político do canal”, disse. “O importante não é onde você fala, é o que você está falando e se você está falando com integridade”, finalizou Glenn.
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