Rádios denunciadas pela campanha de Bolsonaro dizem ter provas para contestar "auditoria" de inserções
Emissoras apontaram diferenças entre o que foi veiculado, e o número e os horários das inserções identificados pela auditoria Audiency, contratada pela campanha de Jair Bolsonaro
247 - Três das oito rádios citadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) questionaram o documento enviado pela coligação do chefe do Executivo federal ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaristas afirmaram ao TSE que emissoras deixaram de mostrar inserções eleitorais do ocupante do Planalto. Três rádios apontaram diferenças entre o que foi veiculado, e o número e os horários das inserções identificados pela auditoria Audiency, contratada pela campanha de Bolsonaro. As emissoras disseram ter gravações dos dias citados pela auditoria e que estão à disposição do Judiciário.
De acordo com reportagem publicada nesta quarta-feira (26) pelo jornal O Globo, quatro das oito rádios afirmaram que não divulgaram as inserções porque não receberam os materiais da equipe de Bolsonaro.
Em denúncia ao TSE, a campanha do ocupante do Planalto apontou que essas oito rádios deixaram de veicular um total de 760 inserções de Bolsonaro na última semana.
Versões das rádios
A rádio Extremo Sul, de Itamaraju (BA), disse ter veiculado todas as inserções que recebeu, mas, de acordo com a emissora, o envio das peças por parte da campanha de Bolsonaro foi irregular. "A campanha do Lula é a única que envia a programação para três dias. Por exemplo: nesta semana, mandou na segunda-feira. Hoje já vão mandar para fechar todos os dias. A do Bolsonaro às vezes mandava dia sim, dia não. E quando manda, manda a programação diária", disse o programador Jean Batatinha de Souza.
O diretor da rádio, Dalvadísio Lima, diz que a emissora veiculou todas as inserções recebidas. "Não teve a intenção de criar nenhum prejuízo para nenhuma coligação. Os e-mails e as correspondências que nos foram enviadas foram cumpridas".
A Rádio Viva Voz, de Várzea da Roça (BA), afirmou que só recebeu as inserções de Bolsonaro no dia 10 de outubro, ao contrário das outras campanhas, que enviaram no dia 6, véspera do reinício da propaganda eleitoral no segundo turno. "Recebemos material de campanha de todas as coligações no dia 06/10, com exceção da coligação do candidato Bolsonaro, que só recebemos no dia 10/10", disse.
Responsável por duas das rádios citadas na denúncia enviada ao TSE, o Sistema Pazzi de Comunicação disse que "todo o material de campanha recebido das coligações que disputam o pleito, incluindo a do candidato Jair Bolsonaro, foram e são veiculados conforme as determinações do Tribunal Eleitoral, não havendo erros ou omissões nessas veiculações". A empresa responde pelas rádios Povo das cidades de Feira de Santana (BA) e de Poções (BA).
Na lista das rádios denunciadas pela campanha de Bolsonaro também esteve a Rádio da Bispa, de Recife, com a frequência 97.1 FM. "Está sendo veiculada informação falsa, informando que a Rádio da Bispa é a 97.1 FM. Essa informação é mentirosa, nossa frequência é 98.7 FM e estamos em dias com o Tribunal Eleitoral, Veiculamos todas as inserções que são enviadas para nós, e estamos fazendo nossa parte", disse.
Outra rádio, a JM OBNline, de Uberaba (MG), também afirmou não ter recebido materiais de campanha de Bolsonaro.
O responsável pela rádio Paudalho FM (PE), Alexandre Oliveira, afirmou ter obtido as inserções diretamente no site do TSE, mas apenas no segundo turno, porque a emissora, por ser comunitária, não teria obrigação de veicular as propagandas nacionais.
"Por ser uma rádio comunitária, as obrigações de veicular as inserções de nível nacional não é nossa. O que a gente fez aqui é que no primeiro turno a gente não veiculou as inserções nem de Bolsonaro, nem de Lula, nem de nenhum candidato. Agora no segundo turno, entramos no site do próprio TSE, onde tem as inserções, e pegamos o que tinha disponível dos dois candidatos. Estamos inserindo [as propagandas] de Lula e de Bolsonaro", disse Oliveira.
Tribunal se pronuncia
Em nota, TSE disse que não ser sua função distribuir o material a ser veiculado no horário gratuito.
"Para isso, os canais de rádio e TV de todo o país devem manter contato com o pool de emissoras, que se encarrega do recebimento das mídias encaminhadas pelos partidos, em formato digital, e da geração de sinal dos programas eleitorais", diz o tribunal.
Intenções de voto
A pesquisa Ipespe/Abrapel, divulgada nessa terça-feira (25), mostrou o candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro lugar contra Bolsonaro na disputa pelo segundo turno, marcado para o dia 30 de outubro.
Outra pesquisa, a do Ipec, apontou que os dois candidatos estão tecnicamente empatados no estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do País.
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