HOME > Mídia

Rafael Correa analisa o legado da Revolução Cidadã e as perspectivas do Equador em entrevista à TV247

A entrevista ofereceu uma visão abrangente das opiniões de Corrêa sobre o passado, presente e futuro do Equador

Rafael Correa (Foto: Reuters)

Por Natália Araújo, 247 - O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu uma entrevista à TV247 no último dia 26, onde avaliou o legado de seu governo e discutiu os desafios atuais enfrentados pelo país. Corrêa, que liderou o Equador por dois mandatos de 2007 a 2017, destacou diversos avanços econômicos e sociais durante sua gestão.

Durante a entrevista, por esta jornalista e pelo editor internacional da TV247, José Reinaldo, Corrêa ressaltou conquistas como o crescimento econômico, a redução da pobreza e desigualdade, além de melhorias na infraestrutura, segurança e desenvolvimento humano em sua administração no Equador. Ele enfatizou a transformação do Equador de um país de baixa renda para um de desenvolvimento humano alto, de acordo com classificações internacionais.

No entanto, Corrêa expressou profunda preocupação com a situação atual do Equador, destacando um grave aumento na violência, uma economia em declínio e a perda de conquistas alcançadas durante seu governo. Ele apontou para a rápida e trágica deterioração da segurança, o aumento da dívida externa, que ele havia erradicado, o déficit orçamentário e a queda nos indicadores socioeconômicos.

Quanto às perspectivas futuras, o presidente enfatizou a necessidade de recuperar a paz e segurança como primeiro passo. Ele criticou as medidas adotadas pelo governo atual para lidar com o crime organizado e advertiu sobre o perigo da presença militar dos Estados Unidos no Equador, expressando preocupação com uma possível volta da pressão norte-americana para instalar bases militares no país.

Ao abordar questões geopolíticas, alertou sobre a possibilidade de uma intervenção dos Estados Unidos na América Latina, destacando o interesse em controlar a influência chinesa na região. Ele enfatizou que a interferência dos EUA nos assuntos latino-americanos tem sido guiada por seus próprios interesses geopolíticos.

O ex-presidente equatoriano abordou vários tópicos em uma entrevista recente, destacando a situação na América Latina após uma reunião de segurança em setembro de 2022. Ele mencionou a presença de figuras como a General norte-americana Lara Richardson, do Mossad, CIA, FMI, MI-6, secretário e ministro da defesa dos Estados Unidos, que teriam aplicado um "Plano Condor 2.0". Segundo ele, a estratégia agora envolve principalmente o "Lawfare", a judicialização da política, para perseguir líderes progressistas.Mencionou casos de perseguição judicial contra líderes como Lula, Evo Morales, Cristina Fernández Kirchner, entre outros. Ele enfatizou a importância de ter um sistema judicial mais justo na América Latina.

Sobre a geopolítica regional, o ex-presidente destacou os esforços passados para integração latino-americana, mencionando organizações como a UNASUL e CELAC.

Disse que precisamos ser um bloco, como a União Europeia, por exemplo, disse que as grandes negociações e conquistas atuais se dão por blocos de países que fortalecem seus interesses diante de suas atribuições naturais, econômicas e comerciais. Com preocupação, atentou para retrocessos na região,como a atual e delicada democracia na Argentina e o desafio de enfrentar a influência da extrema direita sobre os sul-americanos.

Quando questionado sobre a situação política interna no Equador, indicou que o país está enfrentando grandes desafios de violência e crise econômica. Criticou o governo atual, liderado pelo “garoto” Daniel Noboa, e expressou a necessidade de união em tempos de crise, mas sem conceder um "cheque em branco" ao governo de direita.

Ao abordar as perspectivas para as eleições de 2025, reconheceu que a esquerda enfrentará resistência, mas enfatizou a importância de recuperar o poder político para efetuar mudanças reais na sociedade.

Ele concluiu a entrevista abordando a esquerda na América Latina, destacando a necessidade de renovação constante, especialmente diante das mudanças na sociedade informacional.

Mencionou sua participação no Fórum de Puebla como um espaço para coordenação e ação das principais tomadas de decisão dos países do Sul Global e expressou esperança nas soluções que podem surgir do Brasil, citando Lula Da Silva como uma referência de grande estadista.

Não se ausentou em alertar e criticar sobre a importância de discutir questões como a imprensa e seu poder, considerando-a um instrumento de dominação em vez de um veículo de informação democrático. A entrevista terminou com um fraterno agradecimento pela oportunidade e expressando a necessidade de continuar divulgando ideias de integração, democracia e soberania na América Latina.

Assista o programa em:

https://www.youtube.com/watch?v=Yg0GbaO6uT0