Safatle: caso Renan prova que Brasil é governado por junta financeira
"Quem decidiu a permanência de Renan Calheiros na presidência do senado não foi o STF, mas a junta financeira que nos governa", avalia o filósofo Vladimir Safatle, ressaltando o caráter de manutenção da tramitação da PEC do teto como principal motivação da decisão; "enquanto isto, os brasileiros que lutam para não serem espoliados de seus últimos direitos levam tiros de policiais que invadem igrejas para combater o velho inimigo interno de sempre: o próprio povo brasileiro. Enquanto eles lutam na linha de frente, a claque do domingo finge lutar contra a corrupção, esquecendo de gritar o nome do único "presidente" das últimas décadas a ser pego em flagrante de tráfico de influência. Deve ter sido um lapso"
247 - "Quem decidiu a permanência de Renan Calheiros na presidência do senado não foi o STF, mas a junta financeira que nos governa", avalia o filósofo Vladimir Safatle, ressaltando o caráter de manutenção da tramitação da PEC do teto como principal motivação da decisão. "Enquanto isto, os brasileiros que lutam para não serem espoliados de seus últimos direitos levam tiros de policiais que invadem igrejas para combater o velho inimigo interno de sempre: o próprio povo brasileiro. Enquanto eles lutam na linha de frente, a claque do domingo finge lutar contra a corrupção, esquecendo de gritar o nome do único "presidente" das últimas décadas a ser pego em flagrante de tráfico de influência. Deve ter sido um lapso."
A coluna de Safatle fo publicada na Folha de S.Paulo.
"Renan é necessário para garantir a tramitação da PEC que congela os gastos públicos por 20 anos, enquanto libera do congelamento os bilhões pagos pelo governo federal com serviço e juros da dívida pública que fazem do sistema financeiro brasileiro um dos mais rentáveis do mundo.
Que uma aberração desta natureza possa ter sido gestada à luz do dia não devia, no entanto, surpreender ninguém. Quem decidiu a permanência de Renan Calheiros na presidência do senado não foi o STF, mas a junta financeira que nos governa.
Renan é necessário para garantir a tramitação da PEC que congela os gastos públicos por 20 anos, enquanto libera do congelamento os bilhões pagos pelo governo federal com serviço e juros da dívida pública que fazem do sistema financeiro brasileiro um dos mais rentáveis do mundo.
Aqueles que vendem a ilusão de que tamanho desmonte do serviço público brasileiro será o caminho triunfal para a saída da crise podem se mirar nos exemplos de todos os outros países que aplicaram "políticas de austeridade" (menos brutais que esta, diga-se de passagem).
Todos eles enfrentam processos de pauperização e precarização que serviram de campo livre para a extrema-direita. Mas por que você confiaria em "analistas" que são normalmente pagos de forma régia por aqueles mais interessados no assalto?
Retirar Renan da presidência poderia significar paralisar todo o botim resultante do saque do Estado brasileiro, por isso, ele fica."
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