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    Safatle: vem aí uma eleição indireta paga por você

    "Ao que parece, vem aí uma eleição indireta para presidente, tramada pela junta financeira em jantares caros pagos pelos juros imorais do seu cartão de crédito. Sim, a degradação institucional e a infâmia não têm limites nesse conchavo de oligarcas em que o Brasil se transformou. Contra isso, vale a pena lembrar: toda ação contra um governo ilegal é uma ação legal; a maior ilegalidade deste governo é temer seu próprio povo", escreve Vladimir Safatle sobre a atual situação do Brasil

    Safatle e câmara dos deputados (Foto: Giuliana Miranda)
    Giuliana Miranda avatar
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    247 - "Ao que parece, vem aí uma eleição indireta para presidente, tramada pela junta financeira em jantares caros pagos pelos juros imorais do seu cartão de crédito. Sim, a degradação institucional e a infâmia não têm limites nesse conchavo de oligarcas em que o Brasil se transformou. Contra isso, vale a pena lembrar: toda ação contra um governo ilegal é uma ação legal. A maior ilegalidade deste governo é temer seu próprio povo", escreve Vladimir Safatle sobre a atual situação do Brasil em sua coluna na Folha de S.Paulo.

    "A democracia é um regime muito interessante. Nela, o Congresso Nacional é a representação dos interesses do povo. Povo este que, afinal, como costuma se dizer, é a fonte do poder, escolhendo em plena liberdade seus representantes.

    Mas há estes momentos mágicos nos quais os representantes decidem contra os interesses e escolhas dos representados. Alguém poderia dizer que essa é prova cabal de como o sistema é farsesco, de como a representação é distorcida, de que o melhor seria dar ao povo a possibilidade de decidir diretamente sobre questões que tocam, de forma absoluta, seu destino. Mas não. Dizer isso seria "populismo", seria entregar às flutuações dos humores populares decisões que exigem "grande conhecimento técnico" e frieza analítica.

    Coisa para especialistas, não para o populacho. Bem, é essa tecnocracia de combate que se chama hoje de "democracia".

    Afinal, quem paga a orquestra, escolhe a música e quem paga esse absurdo somos eu, você, os motoristas de ônibus, os agricultores, operários, profissionais liberais, em suma, quem realmente trabalha neste país.

    Mas chamar a população "inculta" para deliberar diretamente sobre tamanha responsabilidade seria desatino populista, gritam os corvos economistas com seus ninhos de ouros patrocinados pelo sistema financeiro local."

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