Saída de Petry consolida guinada conservadora de Veja
Gianca Civita, presidente do Grupo Abril, mostra sua preferência: correspodente em Nova York, André Petry está deixando a principal revista da empresa, abrindo pista livre para o radicalismo de Eurípedes Alcântara
247 – O jornalista André Petry está deixando o cargo de correspondente em Nova York da revista Veja, após mais de 20 anos entre os quadros de comando da publicação do Grupo Abril. O que seria de per si um fato relevante na vida de uma grande revista, e de um grande profissional, esconde, nesse caso, uma clara definição política. Consolida-se agora, com a eliminação de Petry, a guinada conservadora empreendida pela publicação do grupo Abril nos últimos anos, quando seu histórico posicionamento de centro foi desviado para a direita do campo político-midiático.
Petry era visto como única alternativa interna de peso à sucessão do diretor de redação Eurípedes Alcântara, com quem a revista escreveu páginas como as pautadas pelo informante privilegiado Carlinhos Cachoeira, o contraventor que tornou-se aliado e confidente do chefe de redação da revista em Brasília, o também redator-chefe Policarpo Júnior.
Em desalinho com a prática do jornalismo de compadrio, Petry havia rechaçado por Alcântara no episódio da sucessão do redator-chefe Mario Sabino. Chamado de Nova York para assumir o cargo, Petry foi preterido à última hora, vendo a cadeira ser dividida em três assentos e sendo mantido nos Estados Unidos, longe do comando central em São Paulo.
As diferenças entre Alcântara e Petry haviam sido temporariamente arquivadas, mas a morte do presidente da Abril, Roberto Civita, e a ascensão de seu filho Giancarlo Civita, o Gianca, para o mais alto cargo da empresa, reabriram a questão: qual revista Veja, do ponto de vista político, passaria a ser feito após a traumática transição de poder familiar?
A resposta é dada agora, quando André Petry deixa o expediente da publicação. A pista está livre para o tipo de revista Veja feita sob o comando de Eurípedes Alcântara, na qual, por exemplo, as reuniões de pauta passaram a ser assistidas pelo patrão em pessoa, como forma de balizamento ideológico. Nesse tipo de publicação, a independência de um profissional como o que sai não tem mesmo espaço.
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