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    Thais Oyama: os militares do governo Bolsonaro são 100% fechados com Moro

    Autora do livro "Tormenta: O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos", a jornalista falou à TV 247 sobre bastidores do primeiro ano do governo Bolsonaro, como a relação de confiança dos militares com o ministro da Justiça. Já sobre Bolsonaro e militares, ela avalia que a relação “mudou completamente”, estando hoje mais desgastada

    Jornalista Thais Oyama fala sobre seu livro, Tormenta (Foto: Editora 247)

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    247 - A jornalista Thais Oyama, autora do livro "Tormenta: O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos", conversou com a TV 247 sobre os bastidores do primeiro ano de governo e também de seu trabalho, que começou ainda em outubro de 2018, mês da eleição que teve o então candidato do PSL vitorioso.

    À época repórter da revista Veja, Thais, hoje comentarista na Rádio Jovem Pan, contou que em 2017 publicou um perfil sobre o - na época - deputado federal do 'baixíssimo clero', depois de acompanhá-lo numa viagem. "O título era 'A febre Bolsonaro', lembro até hoje. Na época achávamos que era ainda uma febre. E contava sobre como ele era idolatrado pelas pessoas aonde ia, e chegava a ser carregado pelo povo, que o chamava de mito", lembrou.

    A jornalista descreveu a conjuntura de um dos episódios de seu livro, em que Bolsonaro estava prestes a demitir o ministro da Justiça, Sergio Moro, quando foi advertido pelo general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional):  “olha, se você demitir o Moro, o seu governo acaba”. Segundo Thais Oyama, o que Heleno quis dizer era que Bolsonaro, com a eventual demissão do ministro, não perderia apenas Moro, mas também o apoio dos militares, já que “eles estão fechadíssimos com o Moro” e, assim, sua posição no Planalto estaria comprometida.

    De acordo com a jornalista, Bolsonaro já estava descontente com Moro porque ele teria se negado a “ajudar” a aliviar a situação do senador Flávio Bolsonaro, sob investigação pelo caso Queiroz. A crise se agravou quando o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, concedeu liminar que paralisava investigações que utilizavam dados do Coaf e que, portanto, beneficiava Flávio. Segundo Thais Oyama, Moro foi ao encontro de Toffoli para tentar convencê-lo a voltar atrás em sua decisão, que na avaliação do ministro seria negativa no aspecto Judiciário. 

    “O Bolsonaro tem uma visão de governo que é a visão que ele sempre teve como deputado, ou seja, ele acha que o Moro, ou qualquer ministro, deveria vestir a camisa, e vestir a camisa para ele seria, por exemplo, ‘meu filho está com dificuldades então você, meu ministro, vai me dar uma força. você é do meu time ou não é do meu time? Veste a camisa ou não veste a camisa?’. Ele não tem muito clara essa separação”, relatou.

    Neste contexto, a jornalista conta que Bolsonaro se decidiu a demitir Moro, quando foi advertido pelo general Augusto Heleno, que disse a ele que o ministro era o elo entre o apoio popular e militar que tem o governo. “Essa visita do Moro ao Toffoli foi o que fez com que ele se decidisse a demiti-lo. Quando o general Heleno entra e fala para ele: ‘olha, se você demitir o Moro o seu governo acaba’, o que o general Heleno estava querendo dizer é que além do fato de o Moro ser um dos pilares do governo e ter esse imenso apoio popular, ele, Moro, é também um pilar para as Forças Armadas, ou seja, eu não conheci nenhum general, e eu falei com muitos, que não fosse Moro 100%. Eles estão fechadíssimos com o Moro. O que o general Heleno estava querendo dizer é que ele não só perderia o apoio popular, mas também o apoio dos generais, não de forma automática talvez, mas criaria uma grande fissura”.

    Ela também avaliou que a proximidade entre o núcleo militar do governo com Jair Bolsonaro já não é como antes. De acordo com Thais Oyama, a relação entre eles “mudou completamente” desde o início do governo.

    Na avaliação da jornalista, o episódio mais grave apurado por ela durante seu trabalho foi o que envolve o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, em que ele divulgou uma versão de que teria evitado um golpe no governo Bolsonaro - que seria aplicado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão. "Eu fui a todos os lugares que eu poderia ter ido e conversei com todas as pessoas que eu poderia ter conversado para tentar apurar essa história e não encontrei nenhum indício disso", observou.

    Em relação ao STF e a uma vontade de Moro de ocupar uma cadeira na corte, Thais Oyama afirmou que este é o objetivo do ministro. “Ele [Moro] só está no governo ainda porque ele tem lá um objetivo e ele está esperando pacientemente para alcançar esse objetivo que, ao meu ver, não é a presidência da República, é o STF”.

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