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    Advogados e defensores da liberdade de expressão comemoram libertação de Assange, mas dizem que foi criado grave precedente

    Perseguição a Assange abriu caminho para que jornalistas sejam julgados sob a Lei de Espionagem

    Manifestantes pedem liberdade a Julian Assange (Foto: Reuters/Hollie Adams)

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    Reuters - Organizações de liberdade de expressão comemoraram a notícia desta segunda-feira sobre a libertação do fundador do Wikileaks, Julian Assange, da prisão na Grã-Bretanha, mas afirmaram que o caso dos EUA ainda criou um mau precedente ao puni-lo por tanto tempo.

    Assange deve se declarar culpado na quarta-feira (26) de uma acusação de violação da lei de espionagem dos EUA, em um acordo que permitirá seu retorno à Austrália, encerrando uma odisseia legal de 14 anos que poderia tê-lo condenado a muitas décadas de prisão.

    As autoridades dos EUA em 2019 acusaram Assange de 18 crimes, incluindo conspiração com a ex-analista de inteligência do Exército dos EUA, Chelsea Manning, para obter informações confidenciais e publicar ilegalmente os nomes de fontes classificadas.

    Vários grupos de direitos, organizações de mídia importantes e líderes de países como México, Brasil e Austrália pediram que as acusações contra Assange fossem retiradas.

    Entre os que comemoraram sua libertação estavam o grupo de defesa Comitê para a Proteção dos Jornalistas e a organização de liberdade de expressão Knight First Amendment Institute da Universidade de Columbia.

    "Julian Assange enfrentou uma acusação que teve graves implicações para jornalistas e a liberdade de imprensa em todo o mundo", disse a CEO do CPJ, Jodie Ginsberg, em um comunicado.

    Os apoiadores de Assange dizem que ele é um herói que foi vitimizado porque expôs erros dos EUA e supostos crimes de guerra, inclusive em conflitos no Afeganistão e no Iraque. Washington afirma que a divulgação de documentos que ele ajudou a publicar colocou vidas em perigo.

    "Embora recebamos com satisfação o fim de sua detenção, a perseguição dos EUA a Assange criou um precedente legal prejudicial ao abrir caminho para que jornalistas sejam julgados sob a Lei de Espionagem se receberem material confidencial de denunciantes. Isso nunca deveria ter acontecido", disse Ginsberg.

    Sentimentos semelhantes foram ecoados por Jameel Jaffer, diretor executivo do Knight First Amendment Institute.

    "Um acordo de confissão evitaria o pior cenário para a liberdade de imprensa, mas esse acordo contempla que Assange terá cumprido cinco anos de prisão por atividades que jornalistas realizam todos os dias", disse Jaffer em um comunicado enviado por e-mail.

    "Isso lançará uma longa sombra sobre os tipos mais importantes de jornalismo, não apenas neste país (EUA), mas ao redor do mundo", disse Jaffer.

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