Antes atacado, porto de Mariel vira estratégico
No contexto do reatamento diplomático entre Estados Unidos e Cuba, porto nas proximidades de Havana ganha potencial para se tornar via rápida de exportações brasileiras para a maior economia do mundo; BNDES financiou US$ 800 milhões para a sua construção, feita pela Odebrecht Infraestrutura com apoio de mais de 400 empresas nacionais; "algo que foi criticado durante toda a campanha, esse porto agora mostra toda a sua importância estratégica para a região e o Brasil, em razão da proximidade com os Estados Unidos", saudou a presidente Dilma Rousseff, em Buenos Aires, durante reunião do Mercosul; presidentes Barack Obama e Raúl Castro contaram com a intermediação do papa Francisco para chegar ao acordo
247 - Tema da campanha presidencial, o porto de Mariel, em Cuba, volta agora às manchetes com o sinal trocado. O que foi apresentado pela oposição como um fato negativo, em razão de ter demandado cerca de US$ 800 milhões em investimentos do BNDES, já vai sendo resgatado como um verdadeiro gol de placa da estratégia de investimentos do governo federal. A primeira a retomar a discussão foi a presidente Dilma Rousseff.
- Algo que foi tão criticado durante a campanha, foi o porto de Mariel, lembrou Dilma, nesta quarta-feira 17, em Buenos Aires, durante reunião do Mercosul.
- Mas hoje, esse porto mostra sua importância para toda a região e para o Brasil, na medida em que ele é estratégico pela sua proximidade com o Estados Unidos, prosseguiu Dilma.
O Brasil é o segundo maior parceiro comercial de Cuba. À medida em que a ilha socialista iniciar e ampliar negócios com os Estados Unidos, melhores condições econômicas as empresas brasileiras terão para instalar subsidiárias em Cuba e, dali, vender produtos para o mercado americano.
A presidente contextualizou o porto de Mariel no cenário da espetacular reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba. Nesta quarta, em pronunciamentos paralelos, em Washington e Havana, respectivamente, os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram a reaproximação política entre os dois países. Pelo plano, que surpreendeu positivamente os mercados mundiais, embaixadas serão abertas nas duas capitais nacionais. Haverá, na prática, um relaxamento no embargo comercial.
- O presidente Obama viu agora o que o governo brasileiro e a Odebrecht viram antes, afirmou ao 247 o diretor de comunicação da Odebrecht Infraestrutura para América Latina e Caribe, Márcio Polidoro.
- Identificamos o mercado cubano como promissor e saímos na frente usando os mecanismos existentes no BNDES para incentivo a exportações, completou Polidoro.
Inaugurado em janeiro deste ano, o porto de Mariel, a cerca de 40 quilômetros de Havana, foi construído a partir de US$ 800 milhões financiados pelo BNDES. Houve a obrigatoriedade de contrapartida de valor integral em produção nacional.
- Lideramos 400 empresas brasileiras que levaram para a obra, em Cuba, de botinas e capacetes, de aço a guindastes, lembrou Polidoro. O processo de construção do porto resultou, no Brasil, na abertura de cerca de 150 mil vagas de trabalho.
- O BNDES pagou a indústria brasileira em reais e recebeu do governo cubano em dólar. Foi um negócio bom para todas as partes, acentuou ele.
Os discursos de Obama e Castro representaram o maior gesto já realizado em mais de 50 anos de rompimento de relações entre os dois países. O porto de Mariel crescerá em importância, em razão de sua proximidade com a costa dos EUA. Para o Brasil, o porto poderá fazer o papel de via rápida de exportações nacionais para a maior economia do planeta.
Na Argentina, Dilma saudou a histórica evolução nas relações entre os americanos e os cubanos.
- O reestabelecimento de relações diplomáticas marca uma mudança na civilização, cravou a presidente brasileira.
- Acho que é um momento que mostra que é possível restabelecer relações interrompidas há muitos anos, completou.
- Eu queria cumprimentar o presidente Raúl Castro, queria cumprimentar o presidente Barack Obama. E, sobretudo, queria cumprimentar o papa Francisco por ter sido, muito possivelmente, um dos fatores mais importantes para essa aproximação", acrescentou Dilma. O acordo fechado entre Washington e Havana teve a intermediação do papa Francisco. A última reunião entre executivos dos governos americano e cubano, antes dos discursos presidenciais, foi realizada no Vaticano.
- Eu acredito que a possibilidade de relacionamento, o fim do bloqueio, o fato de que Cuba tem hoje condições plenas de conviver na comunidade internacional é algo extremamente relevante para o povo cubano e, acredito, para toda América Latina, completou a presidente.
Durante a campanha eleitoral no Brasil, o PSDB divulgou que os brasileiros estariam "indignados" com o financiamento do BNDES à construção do porto de Mariel.
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