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Apoiadores do Vale do Silício querem que Kamala priorize direito ao aborto e políticas pró-tecnologia

Investidores e executivos expressaram nostalgia em relação à Casa Branca de Obama, que há uma década recrutava e elogiava o setor de tecnologia

Kamala Harris (Foto: Marco Bello/REUTERS)

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SAN FRANCISCO (Reuters) - Os capitalistas de risco que prometeram apoiar a campanha de Kamala Harris para a Casa Branca listaram prioridades em uma pesquisa divulgada na quarta-feira que inclui direitos reprodutivos das mulheres, mudanças climáticas e uma postura mais amigável em relação às startups.

Dos cerca de 800 capitalistas de risco que assinaram uma carta aberta de apoio, 225 optaram por detalhar seus motivos para endossar a candidata democrata e as políticas que defendem em uma pesquisa divulgada primeiramente pela Reuters.

Quase todos os 225 acham que foi um erro a Suprema Corte dos Estados Unidos ter derrubado o caso Roe vs Wade, que reconhecia o direito ao aborto. Alguns acham que isso prejudica as mulheres no trabalho.

"Essas não são questões sociais. Na verdade, são questões comerciais", disse Leslie Feinzaig, presidente-executiva da Graham & Walker, que iniciou o compromisso.

Investidores e executivos disseram ver a vice-presidente Kamala Harris, californiana com vínculos com o Vale do Silício, como uma candidata com experiência em tecnologia e aberta a se envolver com o setor.

Eles expressaram nostalgia em relação à Casa Branca de Obama, que há uma década recrutava e elogiava o setor de tecnologia. Desde então, os políticos de Washington adotaram um tom mais crítico.

A carta aberta, chamada "VCs for Kamala" e divulgada em julho, inclui capitalistas de risco como Reid Hoffman, da Greylock, e Vinod Khosla, da Khosla Ventures.

Os 225 que preencheram a pesquisa o fizeram de forma anônima. Eles eram 62% homens, 66% brancos, em sua maioria com idades entre 35 e 64 anos. Embora ninguém tenha sido solicitado a fornecer sua filiação partidária, entre os que se declararam, 70% eram democratas e 30% eram republicanos ou independentes, disseram os organizadores da pesquisa.

Cerca de 97% querem líderes que "conheçam tecnologias como IA e criptografia para criar regulamentações eficazes", e quase 92% acreditam que o governo dos EUA precisa contratar mais talentos em tecnologia, mostraram os resultados da pesquisa.

A Reuters também entrevistou empreendedores fora do escopo da pesquisa focada no investidor para ver o que os apoiadores de Kamala no Vale do Silício querem de forma mais ampla.

Com relação à IA, "precisamos das pessoas mais inteligentes no governo que saibam o que fazer no lado militar e civil, que saibam o que está por vir", disse Eric Ries, empresário e autor de "The Lean Startup".

Os Estados Unidos ficaram atrás da Europa na aprovação de uma legislação abrangente sobre IA, embora o presidente norte-americano, Joe Biden, tenha emitido decreto no ano passado exigindo que os desenvolvedores de IA relatem testes de segurança quando houver riscos à segurança ou à saúde.

Aaron Levie, presidente-executivo da empresa de computação em nuvem Box, disse que, por enquanto, as regras devem se concentrar mais nas aplicações da tecnologia do que nos modelos de IA subjacentes que ainda precisam amadurecer.

"A regulamentação definirá uma trajetória importante para esse setor e nossa liderança em IA no longo prazo", declarou Levie, citando também a imigração.

Cerca de 94% dos participantes da pesquisa disseram que os EUA precisam disponibilizar mais vistos H-1B altamente qualificados, um elemento básico para empresas de tecnologia que atraem talentos do exterior. O Vale do Silício também quer um caminho mais fácil para que as startups abram o capital ou vendam para as empresas estabelecidas, segundo os resultados da pesquisa e as entrevistas.

APOIADORES DE TRUMP

Kamala Harris não está sozinha na obtenção de apoio do setor de tecnologia.

O ex-presidente Donald Trump, rival republicano de Kamala na eleição de 5 de novembro, conquistou o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, e importantes capitalistas de risco, incluindo Marc Andreessen e Ben Horowitz.

O companheiro de chapa de Trump, J.D. Vance, era um capitalista de risco que cofundou uma rede de doadores de tecnologia com o objetivo de empurrar os Estados Unidos para a direita, informou a Reuters.

Trump prometeu promover a tecnologia com base na liberdade de expressão e desfazer o decreto de Biden sobre IA, que os críticos, incluindo Horowitz, dizem ser muito prescritiva em detalhes técnicos.

Os apoiadores democratas, por sua vez, elogiaram o histórico de Biden e o trabalho de Kamala para garantir compromissos corporativos voluntários em IA. Nenhum dos candidatos detalhou a regulamentação de IA a ser adotada no caso de vitória nas eleições.

As campanhas de Kamala Harris e Trump não fizeram comentários para esta matéria.

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