Argentina dá aula de civilidade a Bolsonaro e elogia ida de Mourão à posse de Fernández
Depois de agressões sem precedentes desferidas por Jair Bolsonaro à Argentina, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, o país vizinho deu exemplo de diplomacia ao elogiar a ida do vice Hamilton Mourão. "Isso é mais um passo na direção dos objetivos que nos propusemos, de pragmatismo, deixar de lado os desencontros, ter a maior harmonia possível", disse o futuro embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli
247 - O governo eleito da Argentina se manifestou sobre a decisão do governo de Jair Bolsonaro de enviar o vice-presidente Hamilton Mourão para a posse de Alberto Fernández nesta terça-feira (10).
O futuro embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli a notícia "é um resultado muito auspicioso" para relação entre os países.
"Sentimos um particular entusiasmo com o Brasil ter uma representação de nível de vice-presidente. Isso é mais um passo na direção dos objetivos que nos propusemos, tanto do lado do Brasil como da Argentina, de um pragmatismo, deixar de lado os desencontros, ter a maior harmonia possível para enfrentar grandes desafios e desenvolver todas as oportunidades que temos", afirmou Scioli em entrevista ao UOL após receber a notícia.
Leia reportagem da Agência Brasil sobre o assunto:
O porta-voz do Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que o vice-presidente Hamilton Mourão será o representante do governo brasileiro na posse do novo presidente da Argentina, Alberto Fernández , que ocorrerá nesta terça-feira (10), em Buenos Aires. Mourão embarca ainda hoje (9) para a capital do país vizinho.
"Confirmamos a participação do nosso vice-presidente na posse do futuro presidente da Argentina, senhor [Alberto] Fernández. O vice-presidente deve deslocar-se para a Argentina ainda hoje", afirmou Rêgo Barros a jornalistas, durante coletiva no Palácio do Planalto, na noite desta segunda-feira. O embarque está previsto para as 20h.
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores havia informado que o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Sérgio Danese, era quem representaria o governo brasileiro na posse de Alberto Fernández. Seria a primeira vez em mais de 15 anos que o governo brasileiro deixaria de enviar um representante do primeiro escalão para a posse de um presidente argentino. O país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e dos Estados Unidos, com um fluxo comercial anual de mais de quase US$ 26 bilhões, segundo dados de 2018.
Segundo Rêgo Barros, a decisão de Bolsonaro de enviar o vice-presidente foi uma forma de valorizar a relação entre os dois países, especialmente em relação às questões comerciais. "Com relação à decisão do presidente, ele vem, ao longo do dia, e mesmo ontem, fazendo análises continuadas, discutindo com vários ministros, e a partir dessas discussões, entendendo que se faria necessária a presença de uma autoridade lá [...] para valorizar o relacionamento com a Argentina, em especial, nos aspectos comerciais".
Alberto Fernández venceu as eleições argentinas pela coalizão de esquerda Frente de Todos. Ele tem como vice a senadora Cristina Kirchner, ex-presidente do país. Bolsonaro é crítico do kirchnerismo e apoiou a reeleição do presidente Maurício Macri, derrotado nas urnas nas eleições realizadas em outubro no país vizinho.
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