Ataque atinge carro com observadores da ONU; tiroteio mata cinco em distribuição de ajuda em Gaza
Ataque atribuído às tropas israelenses feriu várias pessoas nos arredores da cidade fronteiriça de Rmeish, no sul do Líbano
RFI - Um ataque atingiu um veículo que transportava observadores das Nações Unidas e feriu várias pessoas nos arredores da cidade fronteiriça de Rmeish, no sul do Líbano, neste sábado (30). O porta-voz do exército de Israel, Avichay Adraee, negou que as forças do país tenham atingido um veículo da Unifil, a missão de paz da ONU na região.
A Unifil e a missão de observação técnica da ONU, UNTSO, ainda não comentaram o incidente, relatado por duas fontes de segurança à agência Reuters. Uma das fontes disse que o carro transportava três observadores técnicos da ONU e um tradutor libanês. Ambas as fontes informaram que o ataque feriu "vários" ocupantes do veículo.
Israel tem trocado tiros com o grupo armado libanês Hezbollah no sul do Líbano há quase seis meses, paralelamente à guerra em Gaza. Os bombardeios israelenses no país mataram quase 270 combatentes do grupo radical – mas também cerca de 50 civis, incluindo crianças, médicos e jornalistas.
A Unifil e o exército libanês foram atingidos. Em novembro, a missão da ONU afirmou que um ataque israelense alvejou uma das suas patrulhas no sul do Líbano, sem causar vítimas.
No mês passado, a Unifil afirmou que o exército israelense violou o direito internacional ao disparar contra um grupo claramente identificado como de jornalistas, matando um repórter da Reuters.
Mortes em distribuição de ajuda em Gaza - Também neste sábado, o Crescente Vermelho Palestino relatou cinco mortos e 30 feridos antes do amanhecer na Cidade de Gaza, por tiros em meio a um tumulto durante uma distribuição de ajuda alimentar. Esta nova tragédia ocorreu enquanto milhares de pessoas aguardavam a chegada de cerca de 15 caminhões de farinha e outros alimentos, segundo a organização de socorro, ao local conhecido como rótula do Kuwait, palco de incidentes nas últimas semanas.
Vídeos filmados pela AFP mostram caminhões avançando no escuro, em meio a sacolas de lixo em chamas. Tiros por toda parte, gritos e buzinas de veículos pesados, com mercadorias tentando avançar, eram ouvidos.
Três dos mortos foram atingidos pelos disparos, de acordo com o Crescente Vermelho. Segundo testemunhos, membros dos “comitês de proteção popular”, responsáveis pela fiscalização da distribuição, atiraram para o ar. Durante a confusão, os caminhões atropelaram pessoas.
Ao mesmo tempo, os depoimentos também mencionam fogo “pesado” de tanques israelenses posicionados a algumas centenas de metros de distância, sem especificar o seu alvo. Contactado pela AFP, o exército israelense ainda não respondeu.
Os feridos foram transportados para o Hospital Batista de Gaza.
Ajuda humanitária sob o fogo cruzado há semanas - Gaza, ameaçada pela fome, registrou várias mortes durante distribuições de ajuda humanitária e alimentar nas últimas semanas. Na segunda-feira, seis pessoas morreram ao tentar recuperar pacotes aéreos, segundo o governo do movimento islâmico Hamas.
Em 23 de março, o Ministério da Saúde do Hamas anunciou 21 mortes e 23 feridos durante uma distribuição de ajuda na rótula do Kuwait, culpando "tanques e granadas do exército israelense". O exército negou ter disparado contra palestinos que aguardavam esta distribuição.
Outras tragédias ocorreram no dia 14 de março (20 mortos e mais de uma centena de feridos no mesmo local, segundo o ministério), e no dia 29 de fevereiro no oeste da cidade de Gaza, com 120 mortos, de acordo com a mesma fonte.
A dificuldade de entrega de ajuda alimentar aos habitantes de Gaza, especialmente aos que permanecem no norte do território, num total de 300 mil pessoas, permanece elevada. Os comboios entram aos poucos, vindos do sul do território.
Israel deve "permitir que a UNRWA [Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos] chegue ao norte da Faixa de Gaza com comboios de alimentos (...) diariamente e abra outros pontos de passagem terrestre", apelou novamente na sexta-feira o chefe da agência na Faixa de Gaza, Philippe Lazzarini.
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