Benin quer dar nacionalidade do país para todos os afrodescendentes do planeta

247 - Um projeto de lei enviado pelo governo de Benin ao parlamento quer conceder a cidadania do país para todos os afrodescendentes do planeta, informa o G1. A ideia foi uma das pautas tratadas pelo presidente do país, Patrice Talon, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando realizou uma visita oficial ao Brasil na semana passada. Talon também discursou sobre o projeto ao lado de Lula:

"Na nossa visão, eu vou repetir, todos os brasileiros afrodescendentes são beninenses. E isso deveria ser para eles motivo de orgulho. E por esse motivo, será votada nos próximos dias uma lei para conceder a todos os afrodescendentes que assim o desejam a nacionalidade beninense. Portanto, de agora em diante, senhor presidente, o senhor será beninense também", disse o presidente sob aplausos.

Segundo o governo de Benin, a nacionalidade concedida será em uma modalidade limitada prevista nas leis do país. Os novos cidadãos poderão ter o passaporte do país, mas não poderão votar, por exemplo. Para ter acesso ao benefício, as pessoas interessadas terão de “comprovar” sua afrodescendência por meio de documentos oficiais, testemunhos e um teste de DNA realizado pelos órgãos chancelados por Benin.

O projeto classifica como afrodescendente “toda pessoa que, em sua genealogia, tem um ascendente africano subsaariano deportado para fora do continente no contexto do tráfico negreiro”.

A ideia de que “todos os afrodescendentes são beninenses” vem do pan africanismo, ideologia que prega a união do continente africano para vencer o subdesenvolvimento imposto pelo passado colonial. Durante a escravidão, negros de diferentes grupos sociais foram enviados às Américas, tendo a maior parte de sua identidade apagada ou suprimida. Portanto, os descendentes do continente africano ainda tentam descobrir sua origem geográfica, e o pensamento panafricano defende superar essa questão.