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    Carrefour veta carne do Mercosul e ministro da Agricultura protesta: "ação orquestrada"

    Em comunicado, divulgado nesta quarta-feira (20), Bompard justificou a decisão com base em exigências de sustentabilidade

    Carlos Fávaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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    247 - O anúncio feito pelo presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a rede francesa deixará de comercializar carne produzida nos países do Mercosul gerou uma reação contundente do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Em comunicado, divulgado nesta quarta-feira (20), Bompard justificou a decisão com base em exigências de sustentabilidade e normas de produção que, segundo ele, a carne do bloco sul-americano não atende. As informações são da Folha de S.Paulo.

    “Entendo o desespero e a raiva dos agricultores diante do projeto de acordo de livre-comércio [UE-Mercosul] e do risco de inundar o mercado francês com uma produção de carne que não respeita suas exigências e normas”, declarou Bompard, referindo-se às preocupações de produtores europeus em relação à concorrência com produtos do Mercosul.

    Críticas à França e defesa da soberania brasileira

    A reação do ministro Carlos Fávaro foi imediata e categórica. Ele considerou a decisão uma tentativa de desmoralizar a produção brasileira e questionou a legitimidade das críticas. “Era mais bonito e legítimo só manter a posição contra [o acordo UE-Mercosul], mas não precisava ficar procurando pretexto naquilo que não existe, na produção sustentável e exemplar brasileira. Eu seria o último a apontar qualquer defeito na produção francesa, mas fico indignado quando eles querem fazer isso com o Brasil”, afirmou o ministro.

    Fávaro também insinuou que há uma articulação entre empresas francesas para prejudicar a imagem do agronegócio brasileiro. “Me parece uma ação orquestrada de companhias francesas, porque não faz sentido achar que é coincidência”, disse o ministro, em referência também à multinacional Danone, que recentemente foi alvo de uma polêmica semelhante.

    Danone e o episódio da soja brasileira

    No caso mencionado por Fávaro, a agência Reuters noticiou que a Danone teria deixado de comprar soja do Brasil, substituindo o insumo por fornecedores asiáticos. Após críticas do setor agropecuário brasileiro, a fabricante francesa negou a informação. “A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais. A soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil”, afirmou Tiago Santos, diretor da empresa no país.

    Procurada novamente após as declarações do ministro, a Danone não se manifestou.

    Impactos no Brasil e o papel do Carrefour nacional

    Embora a decisão da matriz do Carrefour afete sua operação global, a subsidiária brasileira informou que manterá suas práticas atuais. Segundo comunicado da assessoria de imprensa da empresa, “nada muda nas operações do país” e a rede continuará comprando carne de produtores locais.

    O episódio ocorre em um momento de tensão nas negociações do acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, vem enfrentando resistências na Europa, especialmente de setores que alegam preocupações ambientais.

    China: um contraponto estratégico

    As críticas do ministro foram feitas após um jantar no Itamaraty em homenagem ao presidente chinês, Xi Jinping. A China, principal parceiro comercial do Brasil, é um dos maiores compradores de carne bovina brasileira, representando um mercado estratégico para o setor.

    Com o apoio de mercados robustos como o chinês, Fávaro defendeu que o Brasil tem as condições necessárias para rebater os ataques externos. “Nossa produção é sustentável e exemplar. Não vamos aceitar que tentem manchar a imagem de um setor que é crucial para o mundo e vital para a nossa economia”, concluiu.

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