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Como se comporta o voto cubano-americano nas eleições dos Estados Unidos?

Em artigo para o Cubadebate, jornalista cubano analisa o peso do voto do eleitorado originário da ilha na eleição presidencial dos Estados Unidos

Cresce nos Estados Unidos repúdio ao bloqueio imposto a Cuba (Foto: Sputnik)

247 - Segundo o censo dos Estados Unidos, cerca de 60 milhões de habitantes no país são de origem hispânica ou latina, dos quais 2,3 milhões são de origem cubana. Estima-se que mais de 1,3 milhão nasceram na ilha e os demais são descendentes, com 50% ou mais de sangue cubano. A maioria reside nos estados da Flórida, Nova Jersey, Nova York, Califórnia e Texas. Estima-se que mais de 1,2 milhão vivam na Flórida.

Para as eleições presidenciais de 3 de novembro, aproximadamente 268 milhões de americanos estão registrados para exercer seu direito de voto, dos quais 32 milhões são de origem hispânica ou latina. Dentro desse grupo minoritário, mais de 1 milhão são cubano-americanos, dos quais cerca de 650 mil estão registrados na Flórida.

É justamente esse estado - o terceiro com mais votos eleitorais - um dos mais competitivos para chegar à Casa Branca. A maioria dos especialistas acredita que, se o presidente Donald Trump não for bem-sucedido na Flórida, perderá a reeleição. Deve-se notar que desde Calvin Coolidge em 1924, todos os candidatos republicanos que ganharam as eleições presidenciais também venceram na Flórida.

Conseqüentemente, aquele estado se tornou um campo de batalha entre o Partido Republicano e o Partido Democrata, onde nada ainda foi decidido. Como a disputa está muito acirrada nas pesquisas, as equipes de campanha buscam garantir os votos dos cubano-americanos que exercem alguma influência nos resultados. Tradicionalmente, os eleitores dessa comunidade preferem o Partido Republicano, embora essa tendência tenha se enfraquecido nos últimos anos.

Há também a projeção de ampliar o voto cubano-americano, que representa apenas 6% do eleitorado da Flórida e menos de 1% do total do país. Nos condados de Miami-Dade, Broward e Monroe, na Flórida, onde se concentra a grande maioria dos eleitores cubano-americanos, seu voto não foi decisivo nas eleições presidenciais. É significativo que nesses três condados os candidatos democratas sempre tenham vencido, independentemente do nível de preferência que tiveram entre os eleitores cubano-americanos. 

É ilustrativo que nas eleições de 2008 e 2012, onde o democrata Barack Obama foi eleito e reeleito, não tenha vencido pelo voto cubano-americano e ainda assim tenha conseguido a presidência e em particular o estado da Flórida. Aliás, durante a campanha de 2012, Obama se distanciou das posições da extrema direita cubano-americana e surpreendeu com um resultado animador ao obter cerca de 50% dos votos dessa comunidade, o maior obtido pelos democratas até hoje.

Considere-se que seu antecessor George W. Bush nas eleições de 2000 obteve 75% do voto cubano-americano e em sua reeleição em 2004 chegou a 78%, com uma política de enfrentamento aberto com Cuba. No entanto, o candidato republicano John McCain, que perdeu para Obama em 2008, alcançou 64%, indicando uma mudança considerável no eleitorado cubano. Também a candidata democrata Hillary Clinton, embora tenha perdido para Trump, obteve 46% das cédulas dos cubano-americanos, segundo as investigações.

São vários os fatores que explicam a evolução do voto cubano-americano nas últimas eleições, com tendência para os candidatos mais liberais. Dois fatos, de certa forma relacionados, vêm à tona como causas do resultado eleitoral de 2012: o temor de muitos de que a política em relação a Cuba volte aos seus alicerces mais hostis e a rejeição ideológica das novas gerações ao extremo conservadorismo dos republicanos.  É evidente que a questão das relações com Cuba constitui uma necessidade existencial para os novos imigrantes, o que os coloca em oposição direta às propostas republicanas que visam limitar esses contatos. Mas essa contradição não é tão clara no caso dos jovens nascidos ou criados nos Estados Unidos, cujo vínculo com sua pátria de origem tem um valor mais difuso e muitas vezes nem se materializa na prática. 

Leia a íntegra do artigo de Abel González Santamaría