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    Confira os principais pontos do discurso de Putin aos líderes africanos

    Presidente russo disse que irá analisar propostas de paz para a questão ucraniana

    Putin na Argélia (Foto: Kremlin)

    MOSCOU, 18 de junho, TASS – A Rússia está pronta para analisar quaisquer propostas dos Estados africanos sobre a resolução da Ucrânia, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, ao receber os representantes de sete Estados africanos que chegaram para apresentar sua iniciativa de paz sobre a Ucrânia. Anteriormente, a delegação africana discutiu a iniciativa com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev.

    Durante as conversas com Putin, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, apresentou os 10 principais pontos do plano de paz, que incluem a desescalada do conflito em ambos os lados, negociações diplomáticas, garantia da soberania dos Estados de acordo com a Carta das Nações Unidas, troca de prisioneiros, reconstrução pós-guerra e outros. Em resposta, Putin destacou que a Ucrânia se retirou das negociações com a Rússia por iniciativa própria, embora um acordo de paz tenha sido preliminarmente assinado em Istambul. Além disso, Putin observou que a Rússia tinha o direito de reconhecer a independência da DPR e LPR com base na Carta das Nações Unidas.

    As conversas duraram mais de 3 horas e foram posteriormente comentadas pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.

    Aqui estão os principais pontos da conversa de Putin com os líderes africanos.

    Atitude equilibrada da África – A missão africana incluía o presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, o presidente das Comores, Azali Assoumani (que também preside atualmente a União Africana), o presidente do Senegal, Macky Sall, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro do Egito, Mostafa Madbouly, e representantes especiais dos presidentes da República do Congo e de Uganda, Floran Nsiba e Ruhakana Rugunda.

    No início das negociações, Putin enfatizou que o desenvolvimento abrangente dos laços com os Estados africanos é uma prioridade da política externa da Rússia.

    "Defendemos consistentemente o fortalecimento das relações tradicionalmente amigáveis ​​com os Estados africanos e a principal associação regional - a União Africana - com base nos princípios de igualdade, respeito mútuo e não interferência nos assuntos internos", disse Putin.

    Ele acrescentou que a Rússia está aberta a um diálogo construtivo com todos aqueles que desejam a paz com base nos princípios de justiça, equidade e consideração dos interesses legítimos de todas as partes, observando que a Rússia valoriza a atitude equilibrada dos países africanos em relação à situação na Ucrânia e seu desejo de resolver a crise.

    Os 10 pontos do plano de paz – "Viemos para ouvir você e, através de você, ouvir a voz do povo russo. Gostaríamos de motivá-lo a entrar em negociações com a Ucrânia para resolver este problema complexo", observou Azali Assoumani. Macky Sall enfatizou que a África deseja a paz entre a Rússia e a Ucrânia, o que só é possível com base no diálogo e no compromisso.

    Enquanto isso, Cyril Ramaphosa afirmou que chegou a hora de encerrar o conflito na Ucrânia. Observando que a África gostaria de se tornar mediadora na busca pela paz, ele apresentou o plano, que se concentra nos 10 principais pontos para sua conquista. O plano pede que se ouçam as posições de ambos os países; iniciar a desescalada em ambos os lados; garantir a soberania dos Estados e dos povos de acordo com a Carta das Nações Unidas; garantir a segurança de todos os países; garantir o transporte de grãos e fertilizantes de ambos os países; apoio humanitário às pessoas afetadas pela guerra; resolução da questão da troca de prisioneiros e repatriação de crianças; reconstrução pós-guerra e ajuda às pessoas afetadas pela guerra; cooperação mais estreita com os Estados africanos.

    O direito da Rússia de reconhecer Donbass – O presidente russo reagiu ao plano de paz apresentado, fornecendo explicações sobre a posição da Rússia em relação a alguns deles.

    Ele destacou que a Rússia apoiou o povo de Donbass após o "golpe sangrento" na Ucrânia e tem tentado resolver a situação pacificamente por um longo tempo.

    "Foi o regime de Kiev que começou essa guerra em 2014, e tínhamos o direito de fornecer [ao povo de Donbass - TASS] ajuda, de acordo com o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, citando a cláusula sobre autodefesa", enfatizou Putin.

    O tratado de paz preliminarmente assinado

    Putin destacou que o lado russo nunca rejeitou negociações com a Ucrânia. Foi a Ucrânia que declarou sua falta de vontade, o que foi confirmado pelo decreto de Zelensky.

    Putin também apontou que as autoridades ucranianas assinaram preliminarmente o projeto de acordo com Moscou, preparado em março de 2022, em Istambul; no entanto, após a retirada das forças russas, a Ucrânia ignorou o documento. O presidente apresentou o documento, que inclui 18 artigos e apêndices, aos líderes africanos. O documento continha cláusulas sobre neutralidade e garantias de segurança.

    "Também aborda as forças armadas e outras coisas. Tudo foi registrado - até o número de veículos e pessoal", revelou Putin.

    Mais tarde, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres que os líderes africanos estavam interessados em conhecer o projeto de acordo sobre a Ucrânia.

    Realocação de crianças – As autoridades russas realocaram legalmente crianças da área de conflito e nunca se opuseram à reconciliação delas com as instituições, destacou o chefe de Estado.

    "Estávamos realocando-as da área de conflito, salvando suas vidas e saúde - isso é o que estava acontecendo. Ninguém tinha a intenção de separar crianças de seus pais. Todo o orfanato foi realocado totalmente legalmente, porque os diretores do orfanato eram seus representantes legais", disse ele. Putin acrescentou que as autoridades russas "nunca se opuseram à reconciliação das crianças com suas famílias, se é claro que seus parentes aparecerem".

    Troca de prisioneiros – O presidente russo observou que Moscou coopera com Kiev na troca de prisioneiros de guerra: "Muito está sendo feito para isso, tanto pela Arábia Saudita, pelos Emirados Árabes Unidos quanto por nossos outros parceiros e amigos. E estamos prontos para apoiar esse processo".
    Engano em vez de acordo de grãos – Putin chamou de engano o fato de que os alimentos não estão sendo enviados para países africanos necessitados no âmbito do acordo de grãos: "Essas autoridades neo-coloniais - europeias e, essencialmente, americanas - mais uma vez enganaram a comunidade internacional e os países africanos necessitados".

    Segundo Putin, cerca de 31,7 milhões de toneladas de produtos agrícolas já foram exportados dos portos ucranianos no âmbito da iniciativa de grãos, mas apenas 3,1% desse volume foi destinado a países em desenvolvimento.

    O presidente afirmou que os embarques de grãos da Ucrânia não resolvem o problema da fome.

    "A crise no mercado global de alimentos não é de forma alguma consequência da operação militar especial na Ucrânia; começou a surgir muito antes da situação na Ucrânia. Surgiu porque os Estados ocidentais - tanto os EUA quanto os estados europeus - se envolveram em emissão economicamente injustificada para resolver seus problemas relacionados à pandemia de coronavírus", observou Putin.

    Compreensão das verdadeiras razões – Após a reunião, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, que também estava presente, revelou que a iniciativa de paz africana ainda não está formalizada por escrito, mas os líderes africanos demonstraram compreender as "verdadeiras e profundas razões por trás dos eventos atuais" e compreendem que a saída dessa situação reside no desenvolvimento de ações específicas especiais para eliminar essas razões.

    "Em primeiro lugar, [os Estados africanos] destacaram os conhecidos 12 pontos da posição chinesa, que foram apresentados vários meses antes, e eles destacaram as partes [...] que lhes são próximas e que estipulam que não deve haver duplos padrões, que todos os princípios da Carta das Nações Unidas [...] são respeitados e implementados, que não deve haver sanções unilaterais, que ninguém deve tentar garantir sua própria segurança à custa da segurança dos outros, que a segurança continua indivisível em escala global", disse o ministro das Relações Exteriores, enfatizando que a Rússia apoia tais abordagens principais.

    De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, Putin e os representantes africanos estão prontos para continuar os contatos, embora nem todas as cláusulas da iniciativa de paz estejam em conformidade com a posição da Rússia.

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