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    Corrida a bancos, rublo na lona, juros dobrados, Bolsa sem pregão: russos sentem em casa custo das sanções econômicas

    Desvalorização da moeda local, taxa de juros a 20% ante os 9,5% de 6ª feira e caixas eletrônicos lacrados disseminaram insegurança e desconfiança no País

    A demonstrator displays a placard during an anti-war protest, after Russian President Vladimir Putin authorized a military operation in eastern Ukraine, in Saint Petersburg, Russia, February 24, 2022. The placard reads: 'No to war in Ukraine! Return the forces home!' REUTERS/Anton Vaganov (Foto: REUTERS/Anton Vaganov)

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    Por Luís Costa Pinto, do 247 – Uma família típica da Rússia pós-União Soviética vinha se preparando para sacramentar um negócio imobiliário nesta 2ª feira, 28 de fevereiro. Na segunda semana do ano, venderam um apartamento pequeno nas proximidades de Ekaterimburgo, 3ª maior metrópole russa, localizada ao pé dos Montes Urais, e guardaram o dinheiro numa conta bancária até a compra definitiva de outro imóvel. Marcou-se para a manhã de hoje o pagamento – o novo apartamento seria alugado e o rendimento do aluguel comporia a renda familiar do pai aposentado e da mãe contadora. Eles têm um filho em idade universitária e dois outros já profissionais, um deles morando no Brasil.

    Não houve negócio: as agências bancárias estavam fechadas, caixas eletrônicos lacrados em toda a Rússia. O rublo, moeda local, que era cotado a 1 dólar para 83 rublos na tarde de sexta-feira, amanheceu a 1 dólar para 98,5 rublos na segunda-feira. Todos os empréstimos bancários sofreram uma majoração compulsória na taxa de juros de 9,5% para 20% – inclusive financiamentos já contratados. 

    A Bolsa de Valores da Rússia, que no 1º dia dos ataques à Ucrânia despencou 42%, não abriu no último dia de fevereiro. Houve corrida bancária em todo o País, inde as agências fecharam para evitar saques. Patrulhas policiais especiais foram destacadas para conter a ira de quem desejava fazer operações bancárias e não conseguia. 

    O Ministério da Economia local determinou o bloqueio de quaisquer ordens de transferência de patrimônio entre não-residentes. Eram os primeiros e incipientes sinais do impacto popular das sanções econômicas impostas por Estados Unidos, Comunidade Européia, Reino Unido, Japão e Canadá à Rússia. Com o tempo, e é nisso que creem os “senhores da guerra” das finanças do lado ocidental do mundo, a insatisfação interna pelas limitações financeiras e pelo empobrecimento da população que será causado por sanções internacionais, minará por dentro o poder interno de Vladimir Putin.

    Risco de quebra dos maiores bancos russos é reflexo das sanções internacionais

    O braço europeu do Sberbank (SBER.MM), o maior credor da Rússia, enfrenta a possibilidade de falência, alertou o Banco Central Europeu (BCE) nesta segunda-feira (28), após uma corrida de clientes para saques em reação à invasão russa na Ucrânia, conforme texto publicado mais cedo aqui mesmo no 247 com informações da agência Reuters.

    O Sberbank Europe e duas outras subsidiárias da instituição financeira russa estavam prestes a falir, após "saídas significativas de depósitos" ligadas a "tensões geopolíticas", segundo o Banco Central Europeu. A Autoridade do Mercado Financeiro da Áustria impôs uma moratória ao Sberbank Europe, que tem sede no país.

    As ações dos principais bancos caíram com o setor bancário europeu (.SX7P) caindo 7%, mais acentuada do que uma queda de 2,5% para o índice Euro Stoxx (.STOXXE) .

    A turbulência do mercado ocorreu quando as forças de invasão russas tomaram duas pequenas cidades no sudeste da Ucrânia e a área em torno de uma usina nuclear, à medida que o isolamento diplomático e econômico de Moscou se aprofundava. 

    Relutante em admitir o forte impacto interno das sanções econômicas norte-americanas, européias e japonesas à Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que as sanções são duras, mas, a economia russa teria condições de mitigá-las. "As sanções são pesadas, são complicadas, porém iremos superá-las", registrou.

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