Escândalo das contas em paraísos fiscais também atinge Tony Blair e outros líderes internacionais
O relatório menciona o envolvimento do rei da Jordânia Abdullah II, do ex-premiê do Reino Unido Tony Blair e sua esposa, e do primeiro-ministro tcheco Andrej Babis
Sputnik – Um grupo de jornalistas investigativos publicou neste domingo (3) um novo relatório sobre o suposto envolvimento de vários líderes mundiais e outras personalidades de alto perfil em esquemas ligados a paraísos fiscais.
O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) apelidou o relatório de "Papéis de Pandora", sendo a "exposição mais extensa de sigilo financeiro até hoje", apontando que a investigação envolveu mais de 600 jornalistas de 117 países, bem como o vazamento de mais de 11,9 milhões de arquivos "cobrindo todos os cantos do globo".
De acordo com a BBC, 35 líderes e ex-líderes e mais de 400 funcionários públicos são referidos nos Papéis de Pandora.
Por exemplo, o relatório menciona o envolvimento do rei da Jordânia Abdullah II, do ex-premiê do Reino Unido Tony Blair e sua esposa, e do primeiro-ministro tcheco Andrej Babis.
O Projeto de Relatório de Crimes Organizados e Corrupção (OCCRP, na sigla em inglês) sugere que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, também estaria envolvido em esquemas desta natureza de modo a que sua família beneficiasse de lucros de negócios não declarados no exterior.
O presidente dos EUA, Joe Biden, se comprometeu a liderar esforços internacionais para trazer transparência ao sistema financeiro global, porém, os EUA se destacam no relatório investigativo como "líder dos paraísos fiscais". Os arquivos sugerem que o estado do Dakota do Sul, em particular, está abrigando bilhões de dólares em riqueza ligada a indivíduos anteriormente acusados de crimes financeiros graves..
Do mesmo jeito, mais de 100 bilionários constam nos dados vazados, bem como celebridades, estrelas musicais e líderes de companhias. Muitos usam empresas de fachada para manter itens de luxo, como propriedades e iates, junto com contas bancárias incógnitas, informa o The Guardian.
Tamanha investigação chega cinco anos após o ICIJ ter revelado os Papéis do Panamá, onde foram citados documentos supostamente pertencentes ao escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, que afirmavam que alguns líderes nacionais e pessoas de sua confiança usariam paraísos fiscais para esconder suas fortunas.
A criação de entidades offshore não é, por si mesma, uma ação ilegal e, em alguns casos, as pessoas podem ter razões legítimas para o fazer para sua segurança. No entanto, o sigilo oferecido pelos paraísos fiscais tem por vezes se mostrado atraente para os evasores de impostos, pessoas culpadas de fraude e entidades corruptas.
Os Papéis de Pandora revelam o funcionamento interno do mundo financeiro sombra, proporcionando uma rara janela para as operações ocultas de uma economia global secreta que permite que algumas das pessoas mais ricas do mundo escondam sua riqueza e que, em alguns casos, paguem poucos ou nenhuns impostos. Estes documentos, aparentemente, serão publicados durante as próximas semanas.
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