EUA acusam Rússia de colocar arma antissatélite no espaço. Moscou nega
Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar especificamente sobre a alegação dos EUA, mas disse que a Rússia agiu em total conformidade com o direito internacional
(Reuters) - O principal diplomata de controle de armas da Rússia desmentiu como "notícia falsa" nesta quarta-feira (22) a alegação dos Estados Unidos de que a Rússia havia lançado uma arma em órbita baixa da Terra, capaz de inspecionar e atacar outros satélites.
O Kremlin negou categoricamente as afirmações de autoridades dos EUA de que Moscou está desenvolvendo uma arma nuclear anti-satélite baseada no espaço.
O Comando Espacial dos EUA, na terça-feira, apontou para o lançamento no início deste mês de um foguete Soyuz a partir do local de lançamento de Plesetsk, na Rússia, dizendo que provavelmente envolveu "uma arma de contrasspaço presumivelmente capaz de atacar outros satélites em órbita baixa".
O ministério da defesa da Rússia afirmou que o lançamento em 17 de maio tinha uma espaçonave a bordo, mas não deu detalhes sobre seu propósito.
"Não acho que devamos responder a qualquer notícia falsa de Washington", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, citado pela agência de notícias Interfax.
"Os americanos podem dizer o que quiserem, mas nossa política não muda por causa disso", disse Ryabkov, acrescentando que Moscou "sempre se opôs consistentemente ao lançamento de armas de ataque em órbita baixa".
O presidente Vladimir Putin e o então ministro da Defesa, Sergei Shoigu, negaram as afirmações dos EUA em fevereiro de que a Rússia estava desenvolvendo uma arma nuclear anti-satélite baseada no espaço, projetada para interromper tudo, desde comunicações militares até serviços de transporte baseados em telefone.
O Comando Espacial dos EUA afirmou que o lançamento de maio, que data de 16 de maio, incluía o COSMOS 2576, um tipo de espaçonave militar russa "inspetora" que as autoridades dos EUA há muito dizem exibir comportamento espacial imprudente.
DIREITO INTERNACIONAL - O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar especificamente sobre a alegação dos EUA, mas disse que a Rússia agiu em total conformidade com o direito internacional.
"Não estamos violando nada. Repetidamente defendemos a proibição do lançamento de qualquer arma no espaço. Infelizmente, nossas iniciativas foram rejeitadas, inclusive pelos Estados Unidos", disse Peskov a repórteres.
As agências de inteligência dos EUA esperavam o lançamento do COSMOS 2576 e informaram aliados sobre sua avaliação do satélite antes de seu lançamento no espaço, de acordo com um funcionário dos EUA familiarizado com a inteligência. O lançamento também incluiu satélites civis implantados em órbitas diferentes.
Até terça-feira, o COSMOS 2576 não se aproximou de um satélite dos EUA, mas analistas espaciais observaram que ele está no mesmo anel orbital que o USA 314, um satélite do NRO do tamanho de um ônibus lançado em abril de 2021.
Ryabkov disse que o programa espacial da Rússia estava se desenvolvendo conforme o planejado, incluindo tarefas voltadas para o fortalecimento da capacidade de defesa, mas acrescentou que "isso também não é novidade".
Ele disse que os Estados Unidos estavam errados ao rejeitar as propostas russas sobre o fortalecimento da segurança das atividades espaciais, incluindo uma proposta para desenvolver um tratado para prevenir uma corrida armamentista no espaço.
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