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    Extrema-direita alemã culpa imigração pelo ataque em Magdeburg

    Memorial espontâneo no mercado de Natal se torna palco de acusações políticas e fortalecimento do AfD

    Protesto contra a imigração na Alemanha (Foto: Reuters)

    Reuters – Em meio a um clima já tenso sobre imigração e o crescente apoio ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), o local do ataque com carro em Magdeburg transformou-se, neste sábado, em um espaço de manifestações políticas contundentes. O memorial espontâneo criado por famílias enlutadas e moradores locais evoluiu para um ambiente carregado de acusações direcionadas à imigração.

    No dia anterior, uma investida de carro no movimentado mercado de Natal de Magdeburg resultou na morte de cinco pessoas e deixou mais de 200 feridos. Inicialmente, a cena era de tristeza e solidariedade, com pessoas colocando flores em frente a uma igreja próxima. Andrea Reis, de 57 anos, que sobreviveu ao ataque graças a uma rápida decisão de sua filha, compartilhou: "Foi apenas porque minha filha queria que continuássemos andando pelo mercado e não paramos para comer que não estávamos no caminho do carro que invadiu o local." Suas lágrimas refletem o trauma vivido por tantas famílias afetadas.

    À medida que o dia avançava, a atmosfera no memorial passou a incorporar um tom mais político. As redes sociais inicialmente compararam o ataque a um incidente semelhante em Berlim, realizado por um imigrante de inspiração islâmica em 2016. Contudo, novas informações indicaram que o suspeito, um psiquiatra que residia na Alemanha há 18 anos, havia expressado em suas postagens anteriores críticas ao Islã e simpatia pela extrema-direita. Esse dado incentivou a AfD a direcionar suas acusações contra a imigração. Martin Sellner, influente líder da extrema-direita austríaca com apoio na Alemanha, comentou nas redes sociais que as motivações do suspeito "parecem ter sido complexas", acrescentando que o indivíduo "odiava o Islã, mas odiava ainda mais os alemães".

    No decorrer do dia, diversas figuras políticas, incluindo o chanceler Olaf Scholz, compareceram para prestar homenagens no memorial. Quando Tino Chrupalla, co-líder do AfD, chegou, a multidão já contava com a presença de jovens vindos de todo o leste da Alemanha, mobilizados pela ala jovem do partido através das redes sociais. Este grupo, que teve desempenho destacado nas últimas eleições regionais, espera ampliar sua influência nas próximas eleições nacionais previstas para fevereiro.

    Muitos dos presentes exibiam símbolos ligados ao neopaganismo e a movimentos místicos associados à extrema-direita. Um jovem, identificando-se como membro da ala jovem do AfD, usava um amuleto representando o martelo de Thor, o deus nórdico. "Sou um crente nos antigos deuses", afirmou, preferindo não se identificar.

    A ministra do Interior, Nancy Faeser, expressou preocupação com a possibilidade de o ataque ser aproveitado pela extrema-direita para propagar mensagens anti-imigração, mas ressaltou as limitações em coibir assembleias aparentemente coordenadas: "Temos liberdade de reunião neste país. Precisamos fazer tudo o que for possível para garantir que o ataque não seja deturpado por nenhum dos lados."

    A tensão política em torno do incidente de Magdeburg reflete uma Alemanha dividida, onde questões de identidade, imigração e ideologias extremistas continuam a moldar o debate público e o cenário eleitoral.

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