Governo Biden recebe dossiê com alerta de 'versão mais extrema do Capitólio' no Brasil e cita ataques de Bolsonaro
Os "constantes ataques" de Bolsonaro às eleições "devem levar governos internacionais a apoiar a democracia brasileira", diz o documento entregue a Biden; confira a íntegra
247 - Integrantes do alto escalão do governo Joe Biden e do Congresso dos Estados Unidos receberam nesta semana um dossiê em que acadêmicos e instituições da sociedade civil no Brasil e nos EUA pediram aos norte-americanos vigilância permanente sobre o pleito de 2022. De acordo com o documento, de 25 páginas, Jair Bolsonaro (PL) "está criando condições para um ambiente eleitoral muito instável e, se perder, o mundo deve lembrar o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA e estar preparado para testemunhar uma versão provavelmente mais extrema disso no Brasil".
"Seus constantes ataques (de Bolsonaro) às eleições devem levar governos internacionais a apoiar a democracia brasileira", afirmou o relatório entregue aos americanos, conforme a BBC News. "Bolsonaro não está preocupado com a integridade das eleições, e está tentando encontrar qualquer motivo para contestar os resultados - mesmo antes que a eleição ocorra", disse.
O dossiê apontou semelhanças entre o comportamento de Bolsonaro e o do ex-presidente americano Donald Trump para chamar a atenção do governo dos EUA. "Reminiscente da retórica de Trump em 2020, Bolsonaro já disse que pode não aceitar os resultados da eleição de 2022, criando um terreno fértil para desinformação e atos extremistas", informou o documento.
Jair Bolsonaro vem acusando o sistema eleitoral brasileiro de não ser confiável, tem criticado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e tem citado as Forças Armadas como uma instituição que, segundo ele, pode atuar na checagem dos resultados das eleições de outubro no Brasil.
Nesta semana, Bolsonaro acusou o ministro do STF Luís Roberto Barroso de mentiroso, após o magistrado dizer que o vazamento de um inquérito sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral era sigiloso. Na semana passada, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas "não dão recado", elas "sabem o que é o melhor para o país".
Em fevereiro deste ano, a delegada da Polícia Federal (PF) Denisse Ribeiro enviou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a conclusão das investigações sobre o vazamento de dados da PF acerca do ataque hacker ao TSE. Foi imputado crime a Bolsonaro.
Outros membros do governo têm criticado o sistema eleitoral brasileiro. Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o general Luiz Eduardo Ramos afirmou na segunda-feira (25) que as Forças Armadas "estarão sempre vigilantes". O militar concedeu a declaração como uma reação do governo a Barroso, após o ministro afirmar que as Forças Armadas 'estão sendo orientadas a atacar e desacreditar' o processo eleitoral brasileiro.
Capitólio
O ataque do Capitólio aconteceu em janeiro de 2021, quando Trump perdeu a eleição. O então presidente norte-americano acusou o sistema eleitoral do seu país de ser fraudulento.
Depois moveu ações judiciais contra sua derrota, tentou convencer os atores políticos a não reconhecerem os resultados e chamou seguidores para uma manifestação que terminou com a invasão ao Congresso americano. Cinco pessoas morreram.
Em novembro, Steve Bannon, estrategista e conselheiro do ex-presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump, se entregou ao FBI por causa das acusações de envolvimento no ataque do Capitólio.
Confira o documento enviado ao governo Biden:
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