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    Itália obriga vacinação para quem tem mais de 50 anos para conter ômicron

    País viu casos subirem 357% nas últimas duas semanas; medida gerou atrito no gabinete do premiê

    Coronavírus na Itália (Foto: Yara Nardi / Reuters)

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    Reuters - Enquanto enfrenta uma alta vertiginosa de casos, a Itália tornou obrigatória nesta quarta-feira (5) a vacinação para pessoas com mais de 50 anos, em uma tentativa de aliviar a pressão no serviço de saúde e reduzir mortes.

    O texto determina que a medida entre em vigor imediatamente, com validade até 15 de junho, tornando a Itália um dos poucos países europeus a adotar a obrigatoriedade —a Áustria anunciou que deve exigir a imunização daqueles com mais de 14 anos, e a Grécia determinou a imposição para quem tiver mais de 60 anos.

    O decreto endurece as restrições vigentes ao remover a opção de apresentar um teste negativo, em vez da vacinação, para quem tem mais de 50 anos a partir de 15 de fevereiro, mas não prevê punição para quem desrespeitar a regra

    Com um total de 6,57 milhões de casos registrados desde o início da pandemia, em fevereiro do ano passado, a Itália viu as infecções crescerem 357% nos últimos 14 dias, segundo dados compilados pelo The New York Times. Atualmente, a média móvel considerando os últimos sete dias estava em 115.791 nesta terça (4), número nunca visto antes na pandemia.

    O país foi impactado pela variante ômicron depois de outros europeus, mas o surto tem sobrecarregado hospitais e UTIs. As hospitalizações aumentaram 47,5% entre 15 e 29 de dezembro —os dados mais recentes disponíveis no Our World in Data.

    Já as mortes, apesar de estarem em alta, não têm acompanhado o mesmo ritmo. A média diária desta terça foi de 156, 22% maior do que há 14 dias, de acordo com o Our World in Data. No total, foram 138 mil óbitos, o segundo maior número na Europa, atrás apenas do Reino Unido. Isso se deve em parte à vacinação —o país tem 74% de sua população com quadro vacinal completo, e 35% já receberam a dose de reforço.

    A gestão do primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, já havia tornado obrigatória a vacinação para professores e trabalhadores da área da saúde. Desde outubro do ano passado, funcionários têm que estar vacinados ou apresentar um teste negativo para trabalhar no escritório. A recusa resulta em suspensão sem pagamento, mas não leva à demissão.

    O decreto, aprovado depois de duas horas e meia de reunião, gerou atritos dentro da coalizão multipartidária que mantém Draghi no poder. Os ministros da direitista Liga divulgaram comunicado se afastando da obrigatoriedade de vacinação, que classificaram como "sem fundamentação científica, considerando que a maioria absoluta dos hospitalizados com Covid têm muito mais de 60 anos".

    Draghi defendeu ao gabinete, segundo seu porta-voz, que as medidas visam "manter os hospitais funcionando bem e, ao mesmo tempo, manter as escolas abertas e as atividades de negócio".

    Ainda assim, o texto final foi mais brando ao permitir que o teste negativo continue a ser apresentado para entrar em prédios públicos, agências de correios, lojas de comércio não essencial e salões de beleza —e não apenas vacinados ou recentemente infectados, como previa o rascunho.

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