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    Jimmy Carter se opôs a Geisel e ajudou a derrubar a ditadura militar no Brasil

    Ex-presidente dos EUA expôs violações de direitos humanos do regime brasileiro, enfraqueceu sua legitimidade internacional e incentivou redemocratização

    Jimmy Carter (Foto: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh)
    Guilherme Paladino avatar
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    247 - Durante seu mandato presidencial, entre 1977 e 1981, Jimmy Carter, falecido aos 100 anos neste domingo (29), desempenhou um papel importante na fragilização da ditadura militar brasileira (1964-1985), ao adotar uma política externa centrada na defesa dos direitos humanos. Essa abordagem, inovadora para a época, gerou tensões com o então presidente do Brasil, general Ernesto Geisel, e contribuiu para o isolamento do regime militar no cenário internacional.

    A relação entre Carter e Geisel foi marcada por conflitos abertos. A administração norte-americana utilizou relatórios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e de organizações não governamentais para denunciar práticas de tortura, desaparecimentos forçados e repressão política no Brasil. Essas críticas foram amplamente divulgadas em discursos oficiais dos EUA, irritando profundamente o regime brasileiro, que acusava Washington de interferência em seus assuntos internos.

    Em resposta às denúncias, Geisel adotou uma postura de resistência, mas também reconheceu que o fortalecimento do regime dependia de uma transição controlada para a democracia. Sob pressão internacional e enfrentando uma crise econômica interna, o general iniciou o processo de abertura política, descrito como “lento e gradual”. Essa estratégia visava preservar o controle militar enquanto acomodava as crescentes demandas por redemocratização.

    Corte de auxílio militar e isolamento diplomático

    Uma das principais ferramentas de Carter para pressionar o regime brasileiro foi o corte na cooperação militar. A restrição à venda de equipamentos e ao treinamento de oficiais brasileiros enfraqueceu a capacidade do Brasil de sustentar sua legitimidade no plano internacional. Essas medidas também destacaram a mudança de postura dos Estados Unidos em relação às ditaduras militares, antes vistas como aliadas essenciais na contenção do comunismo durante a Guerra Fria.

    A política de direitos humanos de Carter teve um impacto significativo dentro do Brasil, fortalecendo movimentos de oposição como a Campanha pela Anistia. A postura dos EUA incentivou ativistas e setores democráticos a pressionarem o regime por reformas políticas e maior respeito aos direitos civis. Essa pressão interna, aliada ao isolamento diplomático, ajudou a acelerar a erosão do suporte ao regime militar.

    Legado

    Apesar da reversão parcial dessa política pelo sucessor de Carter, Ronald Reagan, que retomou relações mais amistosas com regimes autoritários, o impacto de Carter foi significativo. Sua administração expôs as violações de direitos humanos do regime brasileiro, enfraqueceu sua legitimidade internacional e incentivou movimentos internos pela redemocratização.

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