Kamala Harris ataca Trump e promete compaixão contra caos no seu primeiro comício
"Queremos viver em um país de liberdade, compaixão e estado de direito, ou em um país de caos, medo e ódio?", questionou
Por Jarrett Renshaw e Jason Lange, MILWAUKEE (Reuters) - A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, atacou Donald Trump nesta terça-feira no seu primeiro comício desde que substituiu o presidente Joe Biden como candidata democrata à Presidência, enquanto uma pesquisa Reuters/Ipsos mostrou uma pequena vantagem dela sobre o candidato republicano.
Em um discurso de 17 minutos, Kamala atacou agressivamente as vulnerabilidades de Trump, comparando seu histórico como ex-promotora com o histórico dele como criminoso condenado.
Kamala fez uma lista de prioridades progressista, dizendo que, se eleita, agiria para ampliar o acesso ao aborto, facilitaria a sindicalização dos trabalhadores e combateria a violência armada, estabelecendo um forte contraste com Trump, o candidato republicano à Presidência na eleição de 5 de novembro.
"Donald Trump quer fazer nosso país retroceder", disse ela a uma multidão animada de vários milhares de pessoas na West Allis Central High School, em um subúrbio de Milwaukee, em Wisconsin, um Estado que tem um papel fundamental na decisão do resultado da eleição.
"Queremos viver em um país de liberdade, compaixão e estado de direito, ou em um país de caos, medo e ódio?"
O comício barulhento foi um contraste notável com os eventos menores e mais moderados que Biden realizou, ressaltando a esperança dos democratas de que Kamala, de 59 anos, possa reanimar o que vinha sendo uma campanha fraca sob Biden, de 81 anos. A plateia dançou e agitou cartazes de Kamala, enquanto gritos de "Ka-ma-la!" foram ouvidos quando ela subiu ao palco.
Ela enfatizou seu compromisso com os direitos reprodutivos, uma questão que tem atormentado os republicanos desde que a Suprema Corte dos EUA -- com três juízes nomeados por Trump -- eliminou o direito ao aborto em todo o país em 2022.
Kamala tinha 44% da preferência contra 42% de Trump entre os eleitores registrados na pesquisa nacional Reuters/Ipsos, conduzida na segunda e nesta terça-feira depois que Biden desistiu da eleição e endossou Kamala como sua sucessora na disputa.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos na semana passada mostrava que Biden, antes de encerrar sua campanha, estava atrás de Trump por dois pontos percentuais.
Ambas estavam dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais, e os resultados podem indicar uma pequena movimentação favorecendo os democratas – e podem sugerir que a definição de Kamala como cabeça de chapa diminuiu qualquer impulso que Trump esperava ganhar com a Convenção Nacional Republicana da semana passada, também em Milwaukee.
Trump e seus aliados tentaram vincular Kamala a algumas das políticas mais impopulares de Biden, incluindo a forma como seu governo lidou com o aumento de migrantes na fronteira sul com o México.
Em uma teleconferência com repórteres nesta terça-feira, Trump expressou confiança em sua capacidade de derrotar Kamala, observando que a candidatura presidencial anterior dela em 2020 não sobreviveu nem mesmo até o final das primárias democratas.
"Se ela fizer a campanha como fez, suspeito que não será muito difícil", disse ele.
ASCENSÃO RÁPIDA
Kamala rapidamente consolidou o apoio do seu partido depois que Biden, de 81 anos, encerrou sua campanha à reeleição por conta da pressão de correligionários que estavam preocupados com suas chances de vencer Trump ou de suportar outro mandato de quatro anos.
Ela garantiu a nomeação na noite de segunda ao conquistar as intenções da maioria dos delegados que, no próximo mês, vão definir o indicado na convenção do partido, segundo sua equipe de campanha.
A maioria dos parlamentares democratas apoiou a sua candidatura, incluindo os líderes do partido no Senado e na Câmara, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, que endossaram Kamala em uma coletiva de imprensa conjunta.
Uma pesquisa extraoficial dos delegados feita pela Associated Press mostrou Kamala com mais de 2.500 delegados, número muito superior aos 1.976 necessários para a nomeação.
Delegados podem mudar de ideia, mas ninguém mais recebeu votos no levantamento da AP; 54 delegados se mostraram indecisos.
A ascensão dramática de Kamala, a primeira mulher negra e asiática a ser vice-presidente, mexe com uma eleição em que diversos eleitores estavam descontentes com as opções disponíveis.
O controle de ambas as Casas do Congresso também estará em disputa na eleição de novembro, e os democratas enfrentam uma luta difícil para tentar proteger sua maioria no Senado, já que defendem várias cadeiras em Estados que apoiam Trump. Sem a maioria no Congresso, Kamala teria dificuldades para atingir muitos de seus objetivos, principalmente no que diz respeito ao controle de armas e ao aborto.
O comício em Wisconsin ofereceu uma oportunidade para Kamala reiniciar a campanha dos democratas.
Wisconsin está entre um trio de Estados do Cinturão da Ferrugem, juntamente com Michigan e Pensilvânia, que são fundamentais para as chances dos democratas de derrotar Trump.
"Há independentes e jovens que não gostavam de suas opções, e Kamala tem a chance de conquistá-los", disse Paul Kendrick, diretor executivo do grupo democrata Ascensão do Cinturão da Ferrugem.
Alyssa Wahlberg, de 19 anos, presidente do Whitewater College Democrats, disse que Kamala reenergizou os eleitores jovens, especialmente as mulheres.
"Conversei com minha avó -- nós duas estamos empolgadas com a possibilidade de ela viver para ver a primeira mulher presidente", disse Wahlberg, que estava participando do comício desta terça-feira.
Acossado por preocupações que incluíam sua saúde e os persistentes preços altos que prejudicam as finanças domésticas dos norte-americanos, Biden vinha perdendo terreno contra Trump nas pesquisas de opinião, principalmente nos Estados que provavelmente decidirão a eleição, incluindo os Estados do Cinturão do Sol, Arizona e Nevada.
Embora uma onda de importantes democratas tenha se alinhado com Kamala, o grupo de justiça racial Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, BLM, na sigla em inglês), contestou, nesta terça-feira, a rápida ação do partido.
O BLM cobrou uma primária nacional virtual antes da Convenção Nacional Democrata de 19 a 22 de agosto em Chicago, onde o partido indicará formalmente seu candidato.
"Pedimos que o Comitê de Regras crie um processo que permita a participação popular no processo de nomeação, e não apenas uma nomeação pelos delegados do partido", disse o Black Lives Matter em um comunicado à Reuters.
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