Lavrov condena punição coletiva do povo palestino por Israel e defende mundo multipolar
Em discurso na ONU, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou duramente as ações de Israel e dos Estados Unidos
247 – Na Assembleia Geral das Nações Unidas, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, fez um discurso contundente, condenando a punição coletiva imposta ao povo palestino por Israel e criticando o papel dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais em uma série de conflitos e crises globais. O chanceler russo destacou que a continuidade das ações israelenses em Gaza, com o apoio militar americano, representa uma "catástrofe humanitária sem precedentes" e pediu que se interrompa imediatamente o ataque às populações civis palestinas.
"Não há justificativa para os atos de terrorismo que afetaram os israelenses, mas o uso desses eventos para punir coletivamente os palestinos, criando uma catástrofe humanitária, é inadmissível", declarou Lavrov, em uma de suas afirmações mais fortes durante o discurso. Ele destacou ainda que é urgente garantir ajuda humanitária à região e o direito legítimo dos palestinos à autodeterminação. "Devemos permitir que o povo palestino crie um Estado viável e contínuo, com suas fronteiras reconhecidas de 1967 e sua capital em Jerusalém Oriental."
Crítica à hegemonia ocidental e à ONU
Lavrov também direcionou críticas duras à postura das potências ocidentais no que ele descreveu como uma "sanções guerra" contra muitos países ao redor do mundo. Ele ressaltou que essas medidas não visam promover a paz, mas sim consolidar o domínio geopolítico de um grupo seleto de nações. "O dólar, anunciado como um patrimônio comum da humanidade, foi transformado em uma arma", afirmou Lavrov, mencionando a contínua imposição de sanções econômicas a países como Cuba, apesar do apelo quase unânime da comunidade internacional pelo fim do bloqueio.
O ministro russo também chamou a atenção para o fracasso das instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e as instituições de Bretton Woods, que ele descreveu como desatualizadas e incapazes de refletir o equilíbrio real de forças no mundo atual. Segundo Lavrov, as estruturas de poder da ONU também estão sendo utilizadas para promover os interesses ocidentais, ao invés de atender às necessidades globais. "O Ocidente está tentando transformar a ONU em uma ferramenta para promover seus próprios planos mercantis", criticou.
Além disso, Lavrov condenou o papel da OTAN na perpetuação de tensões internacionais, particularmente com sua expansão para áreas sensíveis à segurança russa e chinesa. "A OTAN continua a expandir sua presença, criando ameaças diretas à segurança de países como a Rússia e a China", advertiu o chanceler.
A defesa de uma nova ordem multipolar
Em uma de suas principais teses, Lavrov fez um apelo pela criação de uma nova ordem mundial multipolar, argumentando que a hegemonia ocidental e o confronto direto não resolverão os problemas globais, mas apenas atrasarão o progresso. "O confronto e a hegemonia não resolverão nenhum dos grandes problemas globais", disse Lavrov. Ele sublinhou que o Sul Global e as regiões orientais estão cada vez mais reivindicando seu lugar nas decisões globais e que organizações como a União Africana, a Organização de Cooperação de Xangai e os BRICS estão desempenhando papéis cada vez mais relevantes.
Ao concluir seu discurso, Lavrov reafirmou o compromisso da Rússia com a construção de uma governança global mais justa e com o respeito aos princípios da igualdade soberana dos Estados, conforme delineado na Carta da ONU. "A Rússia sempre estará ao lado da verdade, da lei, da paz e da cooperação", declarou, conclamando a comunidade internacional a abandonar suas práticas neocoloniais e a buscar soluções verdadeiramente cooperativas para os problemas globais.
O discurso de Lavrov, marcado por duras críticas ao Ocidente e um apelo firme pela multipolaridade, reflete a postura cada vez mais assertiva da Rússia no cenário internacional. Frente às sanções e ao isolamento político promovido pelas potências ocidentais, a Rússia reforça seu papel de porta-voz de uma ordem global mais inclusiva, ecoando as aspirações de muitos países do Sul Global que buscam maior influência e participação nas decisões globais. Assista:
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