Militares alemães planejaram ataques contra a Rússia, indica áudio
A conversa gravada ocorreu entre vários altos funcionários das Forças Armadas da Alemanha (a Bundeswehr)
Agência RT - Agências de inteligência russas interceptaram uma comunicação de altos comandos militares da Alemanha na qual supostamente discutem como planejam bombardear a ponte de Kerch, que liga a península da Crimeia à parte continental da Rússia, segundo relatou a diretora do grupo RT, Margarita Simonián.
Na gravação, não se menciona diretamente a ponte da Crimeia, mas falam da "ponte do leste", embora, geograficamente, lá só haja uma ponte estratégica.
A conversa gravada, à qual Simonián se refere, ocorreu em 19 de fevereiro de 2024 entre vários altos funcionários das Forças Armadas da Alemanha (a Bundeswehr). Em particular, incluem o inspetor da Força Aérea alemã, Ingo Gerhartz, o chefe da direção de operações e exercícios do Comando da Força Aérea, Frank Gräfe, bem como outros dois altos militares.
"Alvos interessantes"
No áudio, o inspetor da Força Aérea alemã, Ingo Gerhartz, discute com outros oficiais a estratégia sobre o eventual fornecimento de mísseis de cruzeiro Taurus no contexto da contínua recusa do chanceler Olaf Scholz em entregar essas armas a Kiev.
"Ninguém sabe por que o chanceler federal bloqueia esses suprimentos", afirma no início do áudio, sugerindo então a entrega de 100 mísseis desse tipo a Kiev em dois lotes.
"Sim, isso não mudará o curso das hostilidades. Por isso, não queremos entregá-los todos. E não todos de uma vez. Talvez 50 no primeiro lote, depois, talvez, haja outro lote de 50 mísseis", explicou.
"Eu soube por parte de meus colegas franceses e britânicos que a situação com os [mísseis] Storm Shadow e Scalp é semelhante à das carabinas Winchester. Eles poderiam perguntar: 'Por que devemos fornecer mais mísseis se já o fizemos, que a Alemanha faça isso agora?'", diz Gerhartz no áudio.
No decorrer da conversa, um oficial do Centro de Operações Aéreas do Comando Espacial da Bundeswehr, sobrenome Frostedt, falou de dois "alvos interessantes" que o Exército ucraniano poderia atacar: "a ponte no leste e os depósitos de munições superiores".
"A ponte no leste é difícil de alcançar, sendo um alvo pequeno, mas o Taurus poderia conseguir, e também poderia atingir os depósitos de munições", afirma.
"Não estou sugerindo a ideia da ponte, apenas quero entender pragmaticamente o que eles querem. E o que devemos ensiná-los", acrescenta.
Por sua vez, outro militar, sobrenome Fenske, expressou suas dúvidas sobre as capacidades dos mísseis Taurus de infligir danos maiores à ponte da Crimeia. "Estivemos trabalhando intensamente nesse assunto e, infelizmente, chegamos à conclusão de que a ponte é como uma pista de pouso devido ao seu tamanho. Portanto, pode ser necessário mais de 10 ou 20 mísseis. Eles só conseguirão fazer um buraco e danificar a ponte", diz na gravação vazada.
No áudio, os altos cargos da Bundeswehr (as Forças Armadas alemãs) também mencionam que seus colegas americanos e britânicos "estão há muito tempo envolvidos diretamente no conflito" ucraniano, observou Simonián em seu canal no Telegram.
"O que Annalena Baerbock pensará sobre isso?"
Após informar sobre a existência deste áudio de 40 minutos de duração, Simonián anunciou que está se dirigindo "com uma interpelação jornalística oficial" ao embaixador da República Federal da Alemanha, ao seu ministro das Relações Exteriores e ao chanceler Olaf Scholz, que anteriormente afirmou que a OTAN não está e não estará envolvida no conflito ucraniano.
"Como isso deve ser entendido, de fato? Não é hora de a Rússia lembrar ativamente à Alemanha como terminaram os bombardeios de ponte russos para a Alemanha da última vez?", perguntou a jornalista.
Ao ser questionado sobre essa divulgação, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguéi Lavrov, a qualificou de "surpreendente por um lado", embora "não pelo outro".
"Temos certeza da participação de militares da OTAN que se disfarçam como mercenários ou como outras pessoas não pertencentes às forças armadas dos países da OTAN", afirmou durante o Fórum Diplomático de Antália (Turquia).
Nessa linha, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, María Zajárova, comentou a polêmica aguardando reações políticas e midiáticas dentro da Alemanha.
"Fico imaginando o que Annalena Baerbock pensará sobre isso. A imprensa alemã tem boas razões para demonstrar sua independência e fazer perguntas. E nossa imprensa tem um assunto atual para abordar com a Embaixada alemã em Moscou", escreveu em seu canal no Telegram.
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